O espírito e suas necessidades |
Mal-entendido como “moeda” no mundo espiritual, o bônus-hora popularizou-se no livro Nosso Lar de André Luiz, uma das obras mais disseminadas entre os espíritas e simpatizantes.
Em linhas gerais, contabiliza-se a quantidade de horas alocadas no trabalho útil ao próximo ou a si mesmo. A depender da quantia adquirida, você pode ter um espaço mais bonito para morar, direito a novos cursos, a interagir com espíritos mais sábios, experiências mais desafiadoras ou ter alguns instantes com aquele saudoso parente que já evoluiu muito mais que você.
Por exemplo, certa vez o mentor espiritual de Chico Xavier (espírito Emmanuel) confessou que para ter alguns segundos ao lado de Lívia (sua amada e espírito de escol) precisaria trabalhar alguns anos.
Dito isso, aqui na Terra, é comum ouvir comentário banalizando o bônus-hora durante trabalhos voluntários: “Vou ficar mais um pouquinho para ganhar mais uns bônus-hora”.
Contudo, há um detalhe importante muitas vezes ignorado. Nosso Lar, como qualquer colônia espiritual, tem o seu nível vibratório. Por conta disso, tem o seu “habitante médio”.
Ralar uma hora no Nosso Lar diz respeito a uma faixa de esforço médio bem diferente da colônia espiritual onde estão Lívia, Célia e Alcione, personagens fabulosas dos romances Há 2000 anos, 50 anos depois e Renúncia, respectivamente. Comparar a postura dessas três com qualquer terráqueo é constrangedor.
Quanto mais abnegação e sabedoria, mais valiosa a hora de serviço. Bisonhamente comparando (pelo viés exageradamente otimista), Lívia está para a Libra esterlina enquanto você e eu estamos para pesos paraguaios.
A analogia serve para fixarmos.
Com muita grana de uma moeda forte aqui se pode ter roupas, carros, comidas, casas, mais herdeiros…
Com muito bônus-hora de alto nível, há possibilidade de um investimento cristão em si mesmo ou nos outros. Volitar, comunicar-se pelo pensamento, fazer-se invisível aos outros já é algo inerente ao estado evolutivo.
Pensando sobre essa monetização das coisas espirituais lembro de duas sacadas da velhinha de Calcutá:
O importante não é o que se dá, mas o amor com que se dá.
Não é o que você faz, mas quanto amor você dedica no que faz que realmente importa.
No mesmo sentido, é a interpretação da parábola dos semeadores da última hora (Parábolas Evangélicas de Rodolfo Calligaris). Segundo tal autor, o que vale é o esforço, a capacidade amorosa e não o tempo em si. Daí que, nessa lógica, conhece-se a árvore pelo fruto e não pela idade (dimensão temporal). Do contrário, os altos planos estariam recheados de sequoias milenares.
Ou seja, o foco não está no relógio, nem na carteira, nem em qualquer catraca mental, mas no coração.
Contudo, é bastante razoável presumir que a partir de algum nível já nem faça mais sentido essa contabilidade de bônus-hora. Afinal, quem faz o bem realmente de forma 100% desinteressada não tem a necessidade de conferir isso. Ou tem?
Checando a resposta da questão 967 de O Livro dos Espíritos vemos que os espíritos puros são felizes pelo bem que fazem e não pela quantificação do bem que fazem. Se trabalham o tempo todo, qual o sentido de fazer continha de bônus-hora? A propósito, é mais lógico supor que tais irmãos nossos prefeririam doar bônus-hora a quem mereça e possa receber do que usar com eles mesmos. Lembremos que tais criaturas, diferentemente de nós, já agem como seres imortais filhos de um Pai Perfeito. Nós ainda sofremos com o amanhã…
Pense como seria estranho imaginar nosso guia e exemplo – Jesus – fazendo conta para ver se consegue visitar outra galáxia com outros espíritos crísticos mais tarimbados que ele.
Em todo o caso, não interessa quanto você tem (aqui ou lá no mundo espiritual), mas sim quanto você tem para dar e como você estará no seu íntimo nesse processo.
Menos bônus-hora e mais amor sem ver o tempo passar!
Por Rafael Martins
Inda bem que vc corrigiu a tempo, quando disse que o BHora de uma Lívia, Alcíone, não se compara com o BHora de Nosso Lar.
ResponderExcluirEm Nosso Lar ainda encontramos espíritos em aprendizado mais severo e a disciplina tem valor próprio. O BHora remunera a boa-vontade e o interesse no cumprimento do dever.
Na minha opinião! Quanto mais elevada a vibração mais energia para o trabalho no bem! Então se eu conseguir alguns bônus horas vai ser para ajudar os meus entes queridos que estarão certamente precisando também
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