Refletir, sim. Comemorar, talvez! |
A visão espírita da Semana
Santa é, portanto, uma tradição religiosa do Cristianismo que celebra a Paixão,
a Morte e a Ressurreição de Jesus Cristo. Ok! Mas disso todo mundo sabe e toda
religião cristã pensa o mesmo. Acontece que no decorrer da Semana Santa existem
muitas simbologias, que o Espiritismo respeita, mas que não são adotadas na
doutrina. Então, como os espíritas podem comemorar a Semana Santa sem os
rituais?
A Semana Santa se inicia na
quarta feira de Jesus Cristo em Jerusalém, que ocorre do domingo de ramos, e
tem seu término com a ressurreição de Jesus Cristo, que ocorre no domingo de
Páscoa.
Já a palavra Páscoa vem do
hebraico pesah que traduzida para o grego será (páscoa), que significa
passagem. A Páscoa no Primeiro ou Antigo Testamento tem a finalidade de
celebrar a passagem do Senhor Deus, que libertou o povo de Israel da escravidão
do Egito. No seu aspecto histórico a Páscoa no AT é a festa que faz a memória
da passagem de Deus no Egito para a libertação do povo. Quando o povo de Israel
entra na terra de Canaã celebra a Páscoa em Guigal, conforme está no livro de
Josué cap.5,10-11. A Páscoa que os nossos irmãos judeus realizam ainda hoje tem
o sentido de fazer a memória da libertação do Povo do Egito, conforme se
encontra em Dt 16,1-4.
A Páscoa no Segundo ou Novo
Testamento é a passagem da morte para a vida – é a Ressurreição de Jesus de
Nazaré, que havia sido morto na cruz. É a vitória de Deus sobre tudo o que fere
e mata a vida. Jesus faz a sua passagem da morte para a vida plena. A partir da
Ressurreição de Jesus temos o convite de Deus para participar da vida eterna.
Como a prisão de Jesus e sua
posterior morte, ocorreram na época da celebração da Páscoa dos Judeus. a sua
Ressurreição toma agora o significado de libertação da morte para a vida
eterna. Está descrita nos evangelhos: Mt 28,1-8; Mc 16,1-8; Lc 24 e Jo 20.
Qual a visão do Espírita da Semana Santa e como
devemos comemorar tal data?
O Espiritismo confirma o
significado dessas datas em referência às outras religiões e doutrinas cristãs,
além de respeitar todo o simbolismo externo em que elas empregam, porém a
prática espírita não é recheada com esses rituais simbolistas.
Os rituais que falamos dizem
respeito ao ato de comer somente o peixe, o jejum que prepara a entrada da
Semana Santa etc. A intenção do Espiritismo frente a estas datas está no
cumprimento dos ensinamentos morais que elas trazem, pois de nada adiantaria
fazer seguir à risca aqueles rituais ensinados pela igreja, mas que suas
atitudes íntimas não são, digamos, “santas”.
Firmando
melhor o que escrevi acima, Alcimar del Chiaro Filho, descreveu a data da
Páscoa para o Espiritismo:
“O Espiritismo, embora sendo
uma Doutrina Cristã, entende de forma diferente alguns dos ensinamentos das
Igrejas Cristãs. Na questão da ressurreição, para nós, espíritas, Jesus
apareceu à Maria de Magdala e aos discípulos, com seu corpo espiritual, que
chamamos de perispírito.
Entendemos que não houve uma
ressurreição corporal, física. Jesus de Nazaré não precisou derrogar as leis
naturais do nosso mundo para firmar o seu conceito de missionário. A sua
doutrina de amor e perdão é muito maior que qualquer milagre, até mesmo a ressurreição.
Isto não invalida a Festa da Páscoa se a encararmos no seu simbolismo.
A Páscoa Judaica pode ser
interpretada como a nossa libertação da ignorância, das mazelas humanas, para o
conhecimento, o comportamento ético-moral. A travessia do Mar Vermelho
representa as dificuldades para a transformação. A Páscoa Cristã, representa a
vitória da vida sobre a morte, do sacrifício pela verdade e pelo amor. Jesus de
Nazaré demonstrou que se pode executar homens, mas não se consegue matar as
grandes ideias renovadoras, os grandes exemplos de amor ao próximo e de
valorização da vida.”
A visão do Espírita da Semana Santa frente às
deturpações nos tempos atuais:
Diversas são as psicografias
que nos chegam nesse período de Semana Santa e Páscoa, com a finalidade de
abrir os olhos dos encarnados para o verdadeiro significado e fugindo,
principalmente, das deturpações que alguns cristãos fazem do feriado.
Mensagem do Espírito Mauro (Psicografada no
Centro Espírita Francisco de Assis – Jussara-Go na data de 05 de abril de
2012):
(…) tal período, fazendo do
mesmo um momento de comemoração, quando na verdade, tal data deveria servir
como um momento de reflexão, pois o símbolo vivo da vida foi martirizado em
prol da humanidade, e no entanto, a maioria tem se utilizado desses dias
somente como mais uma oportunidade para saciar seus desejos materialistas, e
viajarem para lugares inóspitos ou frívolos em busca do prazer fácil, da
alcoolatria , do sensualismo e do sexualismo, esquecendo a sacralidade que a
data representa para todas as religiões Cristãs.
Não se deve ocorrer
comemoração nesta data, deve haver reflexão na morte do mestre que abriu as
portas para a vida além da vida.
Reflexão sobre as
responsabilidades de cada um na árdua tarefa terrena, reflexão sobre as
fraquezas e defeitos que assolam as almas do mundo, partindo de si próprio.
É pedante a irresponsabilidade
humana, mesmo com os avisos da espiritualidade.
E necessário mudar, é
necessário conscientizar cada um de suas tarefas, embora o embotamento moral, nesse
momento pelo qual a humanidade passa, ainda não permita muitas expectativas, mas
a evolução flui e nada pode impedi-la, ademais, Deus e o mestre Jesus ainda se
encontram, hodiernamente, em planos acessórios no seio da consciência da
humanidade, a espiritualização ainda não se encontra entre as prioridades
humanas, pois o homo sapiens ,se encontra ainda com as suas mentes afundadas no
pântano do materialismo, dessa forma as consequências de tais atitudes
refletirão nas gerações vindouras, de maneira lastimável, se não houver mudança
urgente, e os corações humanos não forem tocados pelo Evangelho Cristão.
Somente
uma minoria, habitante do orbe terreno, tem representado e tem dado ao Espírito
o significado que lhe cabe dentro do planejamento e da organização Divina, a
esses seareiros a tarefa é árdua, mas dignificante e prazerosa, pois, para eles
é preparado o banquete Divino, cada um receberá o pagamento multiplicado em
progressão geométrica, pelos atos no bem que praticarem em prol da humanidade,
pois a misericórdia e a generosidade Divinas são imensuráveis para aqueles que
trabalham no bem e pelo bem do planeta e do próximo.
No
entanto, muita dor e sofrimento advirá para aqueles que relutam em assumir sua
charrua e seus postos planejados anteriormente nas hostes Divinais, dores
essas, causadas pela negligência, pela insensatez, pela covardia e pela própria
sombra que recobre cada alma que se desvia do caminho.
Avisos
são dados, mas são ignorados, chamadas são feitas, mas não são ouvidas, o que
se pode fazer mais???
Assim
venho, mais uma vez, vos alertar para que contribuam com Jesus e
consequentemente consigo mesmos, pois, caso não façam as suas atribuições e
cumpram seus compromissos para com a espiritualidade voluntariamente, cada um,
segundo seu merecimento, sofrerá as consequências da lei de ação e reação e
“haverá prantos e ranger de dentes” como está descrito no Evangelho Cristão.
Mais uma vez deixo a vós, a
nossa palavra, para reflexão, nessa Semana Santa, que cada vez mais, só se
afigura “Santa” no nome, e que sirva para a apreciação e reflexão do grupo e da
comunidade espírita que faz parte dessa singela casa de oração.
Cordiais Abraços,
Mauro - Espírito
Por Hugo Gimenez
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