A Origem do Dízimo

Contribuição do valor total de ganhos.

Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, nem por constrangimento; porque Deus ama ao que dá com alegria. (II, Coríntios 9:7)




O Dízimo tem como origem a palavra hebraica ESSER, que quer dizer dez. Do latim decimu (a décima parte), veio para o português com o nome de dízimo.

Ora como surgiu esta história de ter que se pagar dízimo para as igrejas, para os templos?

A primeira menção de dízimo na Bíblia está registrada no livro Gênesis, 14:18-20, referindo-se à uma atitude voluntariosa de Abraão, ora Abrão, quando depois de uma guerra, ele “deu o dízimo de tudo” a um sacerdote de quem pouco se sabe, chamado Melquisedeque.

Depois do Êxodo, o povo israelita acabou vagando pelo deserto por quarenta anos. Juntamente com os Dez Mandamentos, o Senhor deu a Moisés instruções bem detalhadas em Êxodo (capítulos 25 a 40), de como o povo tinha que construir o tabernáculo e adorar a Deus. Apesar de ser muito luxuosa, essa estrutura era completamente portátil.

Um tabernáculo é como uma igreja, um lugar para encontrar Deus. O tabernáculo era a estrutura que os israelitas construíram para a adoração.

Toda vez que os israelitas mudavam o seu acampamento de lugar, o tabernáculo mudava com eles. Por ser portátil, o tabernáculo também servia como um símbolo de que Deus andava com o povo de Israel.

O zelo, o transporte do rico Santuário, o preparo dos materiais necessários ao culto, reclamavam serviços que excediam as forças de um homem ou de uma família.

Dessa forma foram escolhidos os Levitas para o serviço que se relacionava com o Tabernáculo pelo motivo de que quando o povo quebrou o pacto com Deus e fabricou o bezerro de ouro, somente os Levitas permaneceram fieis a sua aliança com Deus.

Quando o povo de Israel veio com Josué, para tomar posse, depois do êxodo, na terra de Canaã, a terra prometida, todas as 12 tribos tiveram que ser instaladas e aquele território de Israel, foi dividido pelas 12 tribos, que simbolizavam os 12 filhos de Jacó.

Só que uma tribo, a dos Levitas, não recebeu terra, não recebeu território para viver, e ficou determinado que eles fossem os auxiliares dos sacerdotes no templo.

Posteriormente, a lei Mosaica prevê um imposto de 10 por cento (dízimas) dos animais e colheitas recolhidos uma vez ao ano, registrado em Levítico.

Cabe, neste momento, esclarecer que o Levítico basicamente é um livro teocrático, isto é, seu caráter é legislativo; possui, ainda, em seu texto, o ritual dos sacrifícios, as normas que diferenciam o puro do impuro, a lei da santidade e o calendário litúrgico entre outras normas e legislações que regulariam a religião àquela época. É um livro de regulamentos e normas para o Levita.

Vejamos o que diz este livro em seu capítulo 27:
01 Falou mais o SENHOR a Moisés, dizendo: (...) (...) 30 Também todas as dízimas do campo, da semente do campo, do fruto das árvores, são do SENHOR; santas são ao SENHOR. 31 Porém, se alguém das suas dízimas resgatar alguma coisa, acrescentará a sua quinta parte sobre ela. 32 No tocante a todas as dízimas do gado e do rebanho, tudo o que passar debaixo da vara, o dízimo será santo ao SENHOR. 33 Não se investigará entre o bom e o mau, nem o trocará; mas, se de alguma maneira o trocar, tanto um como o outro será santo; não serão resgatados. 34 Estes são os mandamentos que o SENHOR ordenou a Moisés, para os filhos de Israel, no monte Sinai.

Há também um aspecto mais abrangente desse imposto, relatado em Deuteronômio 14:22-29, onde percebem-se alguns aspectos que não foram explicitados em Levítico, como: razão de culto, interação familiar e auxílio a classe sacerdotal, os levitas (sacerdotes), estrangeiros, órfãos e viúvas – que àquela época eram relegados à própria sorte.

Vejamos o que diz Deuteronômio:
22 Certamente darás os dízimos de todo o fruto da tua semente, que cada ano se recolher do campo. 23 E, perante o SENHOR teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o seu nome, comerás os dízimos do teu grão, do teu mosto e do teu azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer ao SENHOR teu Deus todos os dias. 24 E quando o caminho te for tão comprido que os não possas levar, por estar longe de ti o lugar que escolher o SENHOR teu Deus para ali pôr o seu nome, quando o SENHOR teu Deus te tiver abençoado; 25 Então vende-os, e ata o dinheiro na tua mão, e vai ao lugar que escolher o SENHOR teu Deus; 26 E aquele dinheiro darás por tudo o que deseja a tua alma, por vacas, e por ovelhas, e por vinho, e por bebida forte, e por tudo o que te pedir a tua alma; come-o ali perante o SENHOR teu Deus, e alegra-te, tu e a tua casa; 27 Porém não desampararás o levita que está dentro das tuas portas; pois não tem parte nem herança contigo. 28 Ao fim de três anos tirarás todos os dízimos da tua colheita no mesmo ano, e os recolherás dentro das tuas portas; 29 Então virá o levita (pois nem parte nem herança tem contigo), e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão; para que o SENHOR teu Deus te abençoe em toda a obra que as tuas mãos fizerem.

Destes versículos tiramos as seguintes observações:
1)    O dízimo era pago com produtos agrícolas;
2)    Esses produtos tinham que ser levados para um lugar onde ele houvesse escolhido para habitar, quer dizer, onde estivesse o tabernáculo (uma vez que ele era portátil) quando estavam no deserto, ou, mais tarde, ao templo quando foi construído por Salomão em Jerusalém;
3)    Quem morasse muito longe, para facilitar o transporte, deveria vender o seu produto e quando chegasse lá, no local destinado a oferta, compraria os produtos agrícolas e ofereceria o seu dízimo a Deus;
4)    O Levita tinha o direito de receber a décima parte de tudo o que as outras 11 tribos lucrassem por que eles não receberam terras. Não tinham como produzir.

Portanto, podemos concluir que o dízimo foi criado para o Levita (Porque os dízimos dos filhos de Israel, que oferecerem ao SENHOR em oferta alçada, tenho dado por herança aos levitas – Números 18:24). Não se justifica que ainda hoje haja cobrança de dízimo no movimento cristão.

O livro de Malaquias é muito citado, para justificar a cobrança do dízimo.

Vejamos o que diz em seu capítulo 3:6-10:
06 Porque eu, o SENHOR, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos. 07 Desde os dias de vossos pais vos desviastes dos meus estatutos, e não os guardastes; tornai-vos para mim, e eu me tornarei para vós, diz o SENHOR dos Exércitos; mas vós dizeis: Em que havemos de tornar? 08 Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. 09 Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim, toda esta nação. 10 Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes.

Quem deveria pagar o dízimo? Os filhos de Jacó que é o povo Hebreu:
1)    Abrahão, o patriarca maior;
2)    Isaac seu filho e;
3)    Jacó seu neto.

Nesse particular, parece-nos que houve, naquela época, um afrouxamento no rigor do cumprimento da Lei e foram verificados desvios na conduta dos homens que cuidavam do serviço sacerdotal, portanto. foram avisados e amaldiçoados por Deus.

Malaquias reforça aqui que os dízimos devem ser levados à casa do tesouro: o Templo de Jerusalém. O templo de Jerusalém já não existe mais, foi destruído.

Quando houve a destruição do primeiro templo pelos Babilônios, comandos por Nabucodonosor II, em 587 a.C., sofreram a primeira GALUTE, ou seja, o primeiro exílio e foram para a Babilônia.

Com a derrota de Nabucodonosor II, em 539 a.C., por Ciro, o Grande, rei da Pérsia, eles retornaram para a construção do segundo templo. Os Levitas - que eram o objetivo do dízimo, não se juntaram a ESDRAS, que liderou o segundo grupo de israelitas no retorno da Babilônia em 457 a.C.. A partir daí o dízimo foi oficialmente extinto, não existindo mais razão para sua cobrança.

A instituição do dízimo é ilegal e sem respaldo bíblico, porque todos nós somos sacerdotes de Cristo (Apocalipse 1:6). Não há mais necessidade desta tribo sacerdotal.

Para que haja mantimento em minha casa (versículo 10): que casa?: o templo.

Hoje não tem mais templo. O primeiro destruído por Nabucodonosor II, em 587 A.C.; o segundo foi destruído em 70 d.C., pelas legiões romanas comandadas pelo general Tito.

Jesus diz em Mateus, 23:23-33:
23 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas. 24 Condutores cegos! que coais um mosquito e engolis um camelo. 25 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que limpais o exterior do copo e do prato, mas o interior está cheio de rapina e de iniqüidade. 26 Fariseu cego! limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o exterior fique limpo. 27 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundície. 28 Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade. 29 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que edificais os sepulcros dos profetas e adornais os monumentos dos justos; 30 E dizeis: Se existíssemos no tempo de nossos pais, nunca nos associaríamos com eles para derramar o sangue dos profetas. 31 Assim, vós mesmos testificais que sois filhos dos que mataram os profetas. 32 Enchei vós, pois, a medida de vossos pais. 33 Serpentes, raça de víboras! como escapareis da condenação do inferno?

Jesus deixa uma mensagem muito forte para separarmos o que é de Deus do que é do homem.

Deus não precisa de dinheiro, de jóias... Deus não precisa de coisas materiais.

O tesouro espiritual que você tem no seu coração, leve-o a Ele em ações, em atitudes. Ame indistintamente àquele que está a seu lado. Ajude, simplesmente ajude.

Se você quer pagar o dízimo tudo bem. Só não esqueça da justiça, da misericórdia e da fé. Jesus não cobrou e nem cobra, não exigiu e nem exige dízimo de seus seguidores. Os seus discípulos, diz Ele, serão reconhecidos por muito se amarem.

Vejamos o que Ele diz em Mateus, 25:31-46:
31 E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; 32 E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas; 33 E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda. 34 Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; 35 Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; 36 Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me. 37 Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? 38 E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? 39 E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? 40 E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. 41 Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos;

Este é o dízimo que Jesus nos recomenda:
– Dar de comer àquele que tem fome;
         – Dar de beber àquele que tem sede;
– Acolher o peregrino;
– Vestir o que está nu.

Dê o que pode para ajudar as despesas comuns (água, luz, material de limpeza, etc.) inerentes ao bom funcionamento de nossos Centros Espíritas.
        
Paulo, em Efésios 1:3 nos afirma que Deus nos abençoou “EM CRISTO”, não “EM DÍZIMO”, por este motivo, a maneira correta do povo cristão contribuir é com o dízimo espiritual.

Por Marcos José Ferreira da Cruz Machado

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