O verdadeiro coração do mundo
Autoestima de uma nação!? |
Se
associarmos o baixo índice de violência com o alto nível de preocupação em
relação ao bem-estar do ser humano, verá que a frase “Brasil, coração do mundo” não reflete a verdade.
Nem
agora e nem tão cedo. Aliás, os exemplos de violência frequentes que assolam as
metrópoles de nosso país, gerando pânico no comércio, famílias e todo o
ambiente urbano, são a prova de que ainda estamos bem distante de um mundo de
regeneração simbolizado num coração. Atualmente um dos países que tem menores
índices de violência é a França. Segundo as estatísticas da ONU, naquele país,
morrem quatro pessoas vítimas de violência a cada 4 anos. Uma média de apenas
uma pessoa por ano. Mesmo assim, em praticamente sua totalidade, os causadores
dos crimes são estrangeiros que vão até lá para traficar mulheres ou drogas. Os
franceses mesmo dificilmente se metem em confusão.
Para
se ter uma ideia, os últimos dados da ONU mostram um total de 36.392 e 32.089 (isso mesmo! Trinta e seis e trinta e dois mil) casos de homicídio no Brasil, só nos anos de 2001 e 2002,
respectivamente. Os valores são tão altos que, para não assustar muito, eles
divulgam os dados em casos de homicídios por 100.000 habitantes (no RJ, por exemplo, tivemos 5.428 casos em 2001, que
resultam em 37,3 casos a cada 100.000 habitantes).
Ainda segundo a ONU, o Brasil só perde em índices de violência para Bolívia e
Guatemala, se nos limitarmos aos países das Américas.
Seguindo
a França, encontramos a Finlândia, a Dinamarca e a Noruega entre os países mais
seguros para se viver no planeta, com os menores índices de criminalidade do
mundo. É sabido que a França é um país milenar e culturalmente rico, onde se
observa a educação e o respeito ao próximo com muita naturalidade. Quem já
pesquisou sobre esse país, ou tendo estado lá, vai concordar que é um lugar
muito seguro e maravilhoso de se viver. Seus sistemas públicos de educação,
cultura e saúde são de causar inveja a muitas empresas particulares aqui no
Brasil.
Outro dia, matéria, dentre dezenas
de outras de conteúdo violento presentes todos os dias nos jornais de grande
circulação do Brasil, dizia que um sujeito atropelou e matou 5 pessoas. Uma
delas, um bebê de 9 meses. Foi preso, mas depois de pagar uma fiança de R$
800,00, voltou às ruas. Na França, se o engraçadinho mata uma única pessoa é
condenado à prisão perpétua, trabalhando para a sociedade, de modo a restituir
o prejuízo causado. O produto do trabalho dos detentos é dividido entre o
governo central do país, reeducados e a penitenciária. A taxa de reincidência é
de 10%: a cada 10 ex-detentos, 9 não voltam a cometer ilícitos, o que demonstra
uma estrutura de tratamento correto, educação e amor ao próximo.
Só
para dar um pouquinho mais de água na boca: na Noruega as prisões ficam com as
portas abertas. Todos os presos trabalham fora, prestam serviço de limpeza nas
ruas, têm psicólogos e voltam à noite na prisão para dormir. Não há fugas e o
tratamento dispensado não denigre o moral do ser humano. É uma sociedade com
outra consciência, cometer um erro não é o fim do mundo.
A
diferença está na cultura e no grau de progresso moral atingido. A vida e as
atitudes das pessoas lá são mais aderentes ao “amar o próximo”, não apenas por
força da lei, mas pelo exercício da cidadania. A legislação de um país sempre
reflete o que são seus cidadãos. A Constituição brasileira, cheia de limitações
e brechas, é um termômetro a identificar que o país não é ainda candidato a
coração de qualquer coisa...
Ainda
assim, é mister não desanimar. Que aproveitemos os bons exemplos de nossos
irmãos e busquemos aos poucos crescer aprendendo com eles, paralelamente
deixando de lado a autocoroação, a vaidade de se autodenominar “a terra da
esperança”. Massagear o ego nesses casos não
vai ajudar muito a perceber o quanto estamos distantes de uma sociedade justa e
amorosa como os países que citamos no início.
A
intensidade de “caridade” física /econômica que uma sociedade pratica é
diretamente proporcional à distância que ela mesma está da igualdade entre seus
cidadãos. Antes de ser um índice positivo evidencia a carência de amor entre as
pessoas que integram.
A
sociedade que busca reduzir a realização da “caridade” financeira é a que mais
se aproxima do organismo social equilibrado e justo e, portanto, da Lei do
Amor. É o ensinar a pescar, ao invés de dar o peixe.
Oxalá
perseguisse mais esses objetivos em nossas instituições, em vez de as
estruturarmos sobre políticas de assistencialismo religioso.
Por Rinaldo Souza
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