Espiritismo com erros para as nações. |
Cabe-me esclarecer que eu
nunca tinha tomado conhecimento das traduções do senhor Guillon Ribeiro
referente às obras de Kardec feitas para a Federação Espírita Brasileira (FEB), motivo pelo qual eu ignorava o que iria
ocorrer.
Segundo Dr. Canuto Abreu, as
edições francesas mais fiéis a Kardec são as de 1868, ou seja, publicadas no
ano anterior a seu desencarne porque teriam sido as últimas revistas pelo
mestre.
Dessa maneira, herdando de meu
pai, sempre usei a 3ª edição deste livro (A
Gênese),
impressa pela Librarie Internationale -
15, Boulevard Montmatre da A. Lacroix Éditeurs - Paris - 1868.
Assim, quando fui analisar o
ponto que estava sendo estudado, como não dispunha de nenhuma tradução, apelei
para a publicação francesa e comecei a ler o item que deveria ser estudado só
que ele não coincidia com o que o Sr. Guillon Ribeiro havia traduzido à sua
moda, evidentemente.
Todo mundo protestou, alegando
que eu é que não estava usando o texto certo. Fiz a conferência, checamos os
itens e confirmei que estava lendo rigorosamente o item em estudo. Quando
expliquei, todavia, que usava o original francês, todos ficaram pasmos e, com
vagar, começamos a verificar que a tradução do Sr. Guillon Ribeiro era uma
farsa, porque, naquele capítulo, ele, justamente, eliminava aqueles itens
inconvenientes a respeito dos anjos decaídos porque contrariavam a exposição de
Roustaing em sua obra.
Já dizem os italianos: “tradutore, traditore”, evidentemente,
julgando que todo tradutor dá de si muita coisa quanto verte qualquer texto de
outro idioma para o seu, mas, fazer o que o Sr. Guillon Ribeiro fez, é um
crime, pois, ele, simplesmente mutilou, adulterando a obra escrita pelo
codificador a fim de que os textos contrários ao docetismo adotado pela sua
editora não fossem feridos pelo pensamento da obra no original.
É de pasmas o cinismo com que
isto ocorre e que, até a presente data, ninguém tenha protestado.
Da minha parte, confesso que,
até aquela data, eu ignorava que a FEB tivesse editado um livro falsificando o
pensamento de Kardec a tal ponto que modificava a obra em questão.
Foi quando, em companhia com o
coordenador da sala, ora transferida para o PalTalk, fizemos uma comparação
tácita entre a tradução do Sr. Guillon Ribeiro e o original francês que ali
estava, descobrindo que os cortes, mutilações e modificações da obra não se
resumiam a aqueles textos, mas, a uma porção de outros que também supressos, ou
modificados, adulteravam a obra original, impingindo aos leitores brasileiros
uma ideia errônea do que, realmente Kardec escrevera.
Bem!
O que me pasma é que, até a
presente data ninguém tenha denunciado tal farsa.
Não tem cabimento adulterar os
conceitos de Kardec para torná-los adaptáveis à obra de Roustaing. Há que se
ter a hombridade de declarar, caso seja este pensamento, que discorda do que
Kardec tenha escrito, afinal, ele não é infalível - só o Papa, assim mesmo para
os católicos - pois cada qual tem o direito de possuir opinião própria.
Mas, Espiritismo é Kardec -
doa a quem doer -, ou seja, o que ele tenha codificado, não só transcrevendo as
respostas selecionadas dos Espíritos como ainda a interpretação que ele próprio
deu na grande maioria do que escrevera.
Errado ou certo, Espiritismo é
Kardec e disso não se pode fugir. Não, mudemos, pois, a Codificação.
Por Carlos de Brito Imbassahy
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