Pintura de Akiane Kramarik |
Há suficientes evidências
históricas para assegurar que, há cerca de 2.000 anos, viveu um homem que
deixou indeléveis marcas na humanidade. Seu nome foi Jesus de Nazaré e teve uma
atuação tão impactante, naquele momento histórico, que ninguém poderá esquecê-lo.
Alguns o chamaram de Deus,
porque, naquela época, tudo o que não se compreendia era tratado como
sobrenatural ou se deificava. Outros tomaram‐no como Messias, base de uma nova religião.
Aqueles que detinham o poder o eliminaram físicamente, porque sua mensagem era
de libertação individual. Falava da transcencência do espírito sobre a matéria,
de que não eram necessárias edificações para construir templos, de que cada um
podia ser dono de seu destino.
Com o passar do tempo, fez‐se lenda e se teceram mil
histórias acerca de sua vida, mas a essência de sua mensagem era profunda e
concisa: somente pelo amor o ser humano encontrará o sentido da vida.
Como sóis acontecer ao
paradoxismo humano, em seu nome se edificaram templos, nomearam‐se representes e se construiu a
maior estrutura religiosa do Ocidente.
Também, sob o pretexto de
“evangelizar”, impôs‐se sua
mensagem com violência, eliminaram‐se físicamente aqueles que pensavam diferente e
se organizaram guerras, combateu‐se a ciência e, novamente, prevaleceu a
ignorância e a necessidade de uns subjugarem os outros. Tudo muito distante de
seus ensinamentos de amor.
Muitos anos se passaram desde
então e, conhecendo a lei palingenésica, com certeza muitos de nós teremos
vivido várias dessas circunstâncias descritas. Teríamos sido sacerdotes
católicos, cruzados e/ou inquisidores? Muito provavelmente.
Através dessas experiências e
após os erros cometidos no caminho, impõe‐se a busca de um novo olhar sobre esse homem que
foi Jesus de Nazaré, um autêntico espírito superior encarnado e, como muitos
outros, incompreendido.
Da mesma forma que Jesus,
Maomé, Confúcio, Lao Tsé, Sidarta Gautama foram exemplos, arquétipos, modelos a
seguir, mais ou menos compreedidos.
No século XIX, na plenitude da
ciência positiva, um homem, menos mistico e mais afeito à ciência, estabeleceu
um marco: conseguiu desvendar o mecanismo da comunicação com os espíritos
desencarnados.
O que lhe transmitiram fazia
recordar em alguns aspectos os ensinos de Jesus, porque falavam da
transcendência do espírito sobre a materia, de que cada um é dono de seu
destino e de que o sentido da vida é uma busca pessoal. Insistiam os espíritos
que ninguém necessita ser salvo, porque ninguém está condenado.
Essa nova doutrina chamou‐se Espiritismo, sem outras adjetivações,
eis que provinha dos espíritos e também porque Rivail era um homem de ciências
e como tal buscou um novo nome para algo novo.
Como a cultura que cercava o
professor Rival (Allan Kardec) que sofria a influência do Cristianismo derivado
das interpretações opinativas feitas sobre os ensinos de Jesus, viu‐se na necessidade de estudar as
semelhanças, comparando‐as,
como todo o cientista, para dali tirar conclusões. Surpreendeuse ao comprovar
que os ensinos de Jesus podiam ser interpretados de forma distinta, à luz da
doutrina dos espíritos, e que, quase 2.000 anos depois, chegara o momento de
chamar cada coisa por seu nome.
Outra vez, entre o que um homem
esclarecido pode compreender e expressar e aquilo que seus seguidores podem
entender houve diferenças. A figura de Jesus foi e é motivo de controvérsias
entre os espíritas também. É possível encontrar quem pense haver sido Jesus um
agênere fluídico ou que o Espiritismo possa ser um sincrético produto do
Cristianismo e outras religiões.
Nós, que estamos identificados
com um Espiritismo laico, humanista, adogmático e progresista, não concordamos
com essa postura, embora a respeitemos, pois pensamos que todas as buscas de espiritualidade
são convergentes e os caminhos se hão de encontrar.
Admiramos Jesus homem, o que
ele representa como arquétipo do ser humano, e sonhamos nos libertar dos
entraves do personalismo e da imposição. Aspiramos parecer‐nos com ele, um homem firme em
suas ideias e amoroso em suas ações, solidário com seus semelhantes, capaz de
dedicar a vida a seus ideais, compreensivo com as limitações próprias e
alheias, de pensamento universal, que avalia, mas não julga nem condena.
Alimentamos a segurança de que todos somos parte de um mesmo projeto em
diferentes momentos de evolução.
Aos seres humanos, como nos
demonstrou Jesus, também chegará o momento de “sentir” e “ver” o futuro com
otimismo e segurança, compreendendo que trilhamos o caminho de um processo
progressivo que a todos envolve, porque temos a segurança de que, por trás
dessa aparente confusão está Deus, Inteligência suprema e Causa primeira de
todas as coisas.
Texto
copiado e adaptado de Dante López
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