Espiritismo e sua Transformação em Religião

Símbolo do Cristianismo,
que muitos "espírita" defende
A Religião Espírita, que comumente é nomeado pelas Casas Espíritas, tem na história brasileira seus percussores e fundadores, que transformaram o Espiritismo de Kardec.




Essa transformação do Espiritismo em Religião Espírita teve seu pontapé inicial, na década de 1880, com a eleição de Bezerra de Menezes para presidir a FEB (Federação Espírita do Brasil).

“Ao entrar para a presidência da FEB, em 1888, Bezerra de Menezes buscou fazer um trabalho de conciliação entre as diversas vertentes internas ao espiritismo, ao mesmo tempo em que reforçava seu aspecto religioso.”

Nesta época, dentro do Espiritismo brasileiro havia muitas vertentes.

“As suas várias formas de aceitação provocaram a formação de diversos grupos, uns interessados, mas nos estudos filosóficos, outros nos científicos e outros ainda nos seus princípios morais. A dispersão do espiritismo em vários segmentos mostra como ainda não havia naquele momento uma definição legítima do que seria espiritismo e em qual campo ele iria atuar. Kardecistas, místicos, espíritas puros, roustainguistas, científicos, swedenborguistas, entre outros, eram as subdenominações dos diversos agrupamentos que o esposaram, cada qual enfatizando uma de suas facetas.”

Os adeptos espíritas transitavam, não sem tensões, entre os diversos segmentos, tendo como referências básicas as tematizações “ciência”, “filosofia” e “religião” em suas variadas e complexas articulações (às vezes também um tanto desconexas).

No interregno de suas duas presidências na FEB, Bezerra de Menezes isolou-se no Grupo Ismael. Foi lá, durante essa fase, que ele aprofundou seu conhecimento sobre: Os quatro evangelhos, obra de Jean-Baptiste Roustaing, tornando-se posteriormente seu defensor e propagador. Tanto é que, se compararmos suas duas gestões à frente da Federação verão que, embora exaltasse também as facetas filosóficas e científicas do espiritismo durante sua primeira gestão, além, é claro, de seus aspectos morais, sua segunda presidência foi muito mais embebida de aspectos religiosos de clara influência roustainguista. Não foi por acaso, portanto, que o importante trabalho de vincular o Grupo Ismael à Federação Espírita Brasileira tenha sido articulado e realizado por Bezerra de Menezes quando de seu segundo mandato.

Eleito outra vez, Bezerra começou de forma mais aberta e convicta a imprimir à FEB uma orientação basilarmente evangelicista, invocando para legitimação dessa inflexão as mensagens psicografadas e assinadas por ninguém menos que Allan Kardec e o Anjo Ismael, este proclamado através das psicografias recebidas no Grupo do Sayão como o “espírito protetor” do Brasil e de sua população.

“Reunidos em nome de Ismael, não tendes outros deveres senão estudar os Evangelhos à luz da Santa Doutrina*.” Allan Kardec. (WANTUIL, 2002, p. 234).
   
“A missão dos espíritas, no Brasil, é divulgar o Evangelho em espírito e verdade.” Ismael (IDEM).

O fato é que Bezerra já conhecia Os Quatro Evangelhos de Roustaing antes mesmo da sua segunda presidência, mas foi somente a partir do seu último mandato, muito mais autônomo – porque recebera poderes ilimitados – que ele instituiu seu estudo obrigatório no novo estatuto da FEB, ao lado do estudo sistemático do Livro dos espíritos em sessões públicas semanais. Portanto, o que havia ocorrido a partir de então em termos mais precisos foi um aumento na divulgação da obra de Roustaing e a subsequente definição do espiritismo cristão em sua forma mais polêmica.

(*) em minha opinião esta afirmação de Santa Doutrina não poderia ser do mestre codificador, portanto, creio que há certo animismo do médium.

***LER a PARTE 2***

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