18 de abril de 1857, continua...8

Pont Royal, Paris - 1850.
E concluindo:

– Ai está, Senhoras e Senhores, porque Gabi e eu tivemos a ideia de os reunir neste ágape espiritual. Quisemos, no dia em que é lançada ao Mundo a ‘Filosofia dos Espíritos’, base da ‘Religião do Futuro’, congratular-nos com aqueles que colaboraram conosco na realização desse advento. Desejamos, principalmente, numa prece, congregá-los em espírito, para um preito de gratidão à Providência Que nos concedeu a felicidade de laborarmos em Seu Plano de Amor à Humanidade. Assim, tal como muita vez fizemos ao encerrar nossos trabalhos espírituais, convido-os a orarem comigo.

Os que estavam sentados, levantaram-se. RIVAIL, apoiando o antebraço esquerdo no mármore branco da lareira, ergueu ligeiramente a cabeça, cerrou as pálpebras, arqueou o peito com profunda inspiração e, soltando a expiração lentamente, disse:

SENHOR!

SENHOR! – repetiu RIVAIL, comovido. Apesar de nossa extrema fraqueza moral, chamaste-nos a comparticiparmos de Teus Planos. Embora convencidos, como estamos, de nossa incapacidade espiritual, pusemo-nos, prontamente, à Tua disposição. Eis o único merecimento nosso. Atendendo, porém, ao Teu Chamado, fomos amparados pela Tua Grança. Dignificaste-nos na base de 100 por um. Humildes, ficamos exaltados. Ignorantes, recebemos o clarão do conhecimento. Derramaste sobre nosssos Espíritos a água lustral de Tua Bênção, que limpa as máculas do passado, fortalece a Fé e enche o coração de esperança. Deste-nos uma túnica branca e, perdoando nossa indignidade e indigência, convidaste-nos a sentarmos à Mesa da Eucaristia Espiritual para receber de Ti, pela mão sacerdotal de nossos Guias, o Pão que alimenta a Alma e o Vinho que a reconforta. Graças ao auxílio inestimável dos Espíritos bondosos que colocaste à frente da Nova Revelação, demos hoje, o passo inicial na Era Nova. Estamos altamente recompensados pelo pouquíssimo que fizemos. Obrigados! Consente, SENHOR, que a mesma graça lustral da Revelação banhe, doravante, quantos procurarem os ensinamentos d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS! Abençoa nossos companheiros ausentes e, sobretudo, os Guias luminosos que nos instruiram, aos quais devemos Teus ensinamentos. Que Tua Paz e Alegria fiquem sempre conosco!

Assim seja! – disseram todos em uníssono.

Uma efusão de júbilo aflorou aos semblantes de todos após a prece.
Enquanto a sociedade discutia o assunto, Gabi e Caroline passaram a servir confeitos e bombons.

A certa altura da palestra, sr. CARLÓTTI mostrou desejo de dizer algumas palavras. O silêncio restabeleceu-se, pondo-se todos à escuta.

E o Amigo de RIVAIL principiou:

– Fui preso de emoção, Senhoras e Senhores, quando o Professor disse, em seu brilhante discurso, ter sido eu o primeiro a falar-lhe sobre a intervenção dos Mortos no fenômeno da ‘Mesa’.

            Ufano-me desse fato, que me tornou colaborador da Providência, numa fase histórica da Humanidade. Eu o ignorava. Conheço, porém, outro que, esse, considerei sempre um sinal da Intervenção Divina em favor de RIVAIL, ‘sinal’ de que tive a ventura de ser testemunha cooperante. Relaciona-se com a narrativa do Professor e a ela deverá ficar apenso, como parte complementar da história de O LIVRO DOS ESPÍRITOS.


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