Conflitos internos

A luta se faz presente em todos.
O pai do Espírito Patrícia, encarnado, responde à pergunta de um frequentador do centro espírita onde trabalha…

Um frequentador indagou a meu pai:

– Por que tenho tantos conflitos? Como poderei eliminá-los?




– O maior drama do homem não está na pressão e nas dores externas. A própria morte física é passageira – respondeu meu genitor. – O grande drama, a grande dor é o conflito que existe entre o que sou e o que me ensinaram que deveria ser. Temos aprendido que devemos reprimir nossos impulsos egoístas para que possamos viver bem com nosso próximo. Enquanto estivermos fazendo a vontade de outros, seja quem for, o conflito permanece e não haverá mudança radical no nosso relacionamento com a vida. Porque, apesar de achar certo fazer o que eles querem e disso esperar créditos e ganhos, a realidade é que se tem a vontade de fazer o que se gosta.

“Normalmente, nós temos nosso ego quase sempre como centro do universo. Tudo deve girar em torno do nosso preenchimento, satisfação e prazer. Essa é quase sempre nossa vontade, mas a vida não sabe e não se importa com nada disso, ela tem seu próprio caminho. E aí, insatisfeitos, nos frustramos, ficamos inconformados e, às vezes, nos revoltamos com o próprio desenrolar dos acontecimentos. Assim, batemos de frente com a vida, e nossa existência perde todo o sentido de somar com ela. Precisamos aprender a aceitar a vida como ela é, sem querer que seja diferente. Mudar para melhor está em nossas mãos, como também aceitar sem contestações o que a vida nos proporciona, mesmo em situações e circunstâncias aparentemente desfavoráveis, pois é nos momentos difíceis que nos superamos, isso se não tivermos dó de nós mesmos. Precisamos compreender que não somos somente filhos de Deus, mas muito mais, que fazemos parte de Sua própria manifestação. Compreendendo isso, vamos entender a diferença existente entre os dois filhos do Senhor, na Parábola do Filho Pródigo. O mais velho nunca saiu de casa, sempre fez a vontade do Pai, mas viveu sempre insatisfeito, porque no seu íntimo não sentia as coisas do Pai como suas. E o Pai não o sentia perto de si, apesar de amá-lo muito. O mais novo, depois de se afastar, de esbanjar o que pertencia a sua natureza, conheceu a si próprio e compreendeu que ele e o Pai eram um só. E, se eram um só, extinguiram-se aí todos os créditos, todos os deveres, permanecendo somente uma única coisa, a unidade de Deus em todas as suas manifestações.

Agora, se quisermos amenizar todos os conflitos e as dificuldades que possam nos perturbar, lembremo-nos do dito de nosso Mestre, diante de circunstância semelhante: ‘Vinde a mim todos vós que andais cansados e sobrecarregados, que eu vos aliviarei, pois meu jugo é suave e meu peso é leve’.

O grande Mestre era viril em todas as suas respostas, não no sentido de machismo, mas de pureza, simplicidade e inocência austera. Dificuldades, sempre as teremos, porque relacionamento é atrito de interesses. E toda cadeia de vida é um constante atrito de funções das manifestações de Deus. O conjunto harmônico de todas as suas funções compõe a sintonia do universo. Particularmente, esse atrito se traduz em conflito entre o que queremos e o que realmente é. Esta resposta é para aqueles que querem mais profundamente ter a visão do que realmente somos. Se não compreender – falou, referindo-se ao jovem que o indagara – ,fique com a primeira parte, vai amenizar muito sua maneira de viver seus conflitos.”

Por Vera Lúcia Marinzeck

FONTE: O livro “O Vôo da Gaivota”.

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