18 de abril de 1857, continua...6

E, virando-se para o Amigo:

– Não foi assim, caro FORTIER?

– Tal qual, respondeu o evocado. Tenho apenas dúvida na data. Esse episódio não ocorreu em dezembro de 1853?

– Segundo minha memória, foi em... 1854. Recorro, entretanto, a Mme. ROGER.

– Não me recordo bem da data, diz ela. Isso foi há uns três anos, mais ou menos.

– Tenho o caso registrada. Seria fácil ir buscar meus apontamentos. Isso, porém, é de somenos agora.

            O importante é salientar que o primeiro a me falar, há uns três anos atrás, em ‘Mesa Rotante’ e ‘Mesa Falante’, foi nosso amigo FORTIER. A ele, meu cordial agradecimento. Alegro-me de ver aqui, mirando-me afetuosamente, outro prezado camarada de Magnetismo, velho Amigo de meu tempo de solteiro – o que vale dizer, Companheiro de mais de vinte e cinco anos.

Apontando o amigo em referência, disse RIVAIL:

– Foi CARLÓTTI o segundo elo da corrente que me levou ao Espiritismo. Foi quem primeiro, em 6 janeiro de 1855, me falou da intervenção das Almas no fenômeno da ‘Mesa’.

‘Almas de defundo’, aparteou CARLÓTTI.

– Exatamente. Magnetista como eu, mas adepto duma escola diferente. E, admitindo tais circustâncias, lastimei que um homem tão culto e inteligente...

– Obrigado! – aparteou CARLÓTTI.

– ... pusesse de lado a teoria científica, que era, pensava eu, a do ‘Fluído Universal’, para atribuir o movimento da ‘Mesa’...

            Contudo, em mais de trinta e cinco anos de convivênica com Magnetistas, aprendi, à custa de alguns dissabores, que entre amigos de escolas diferentes a melhor prática é a tolerância. Compreendendo minha atitude e sendo, também ele, respeitador da opinião alheia, não tentou convencer-me. Limitou-se a dizer-me ao despedir-se: “Você ainda não viu o fenômeno; quando o observar com seus olhos há de dar-me razão e será talvez um dos nossos”. Respondi-lhe:

– Não digo o contrário. Mas aguardemos esse dia.

Boulevard Saint-Germais, Paris.
RIVAIL  contiunuou:

– Pois esse dia, Senhoras e Senhores, não estava distante. Quatro meses corridos, voltando um dia à casa de Mme. ROGER – terceiro elo de minha corrente – lá encontrei o quarto liame na pessoa dum conceituado camarada, Sr. PÂTIER, que não pode vir a esta reunião, por estar enfermo. Havíamos sido, tempos atrás, professores de curso secundário, no mesmo estabelecimento, no Boulevard Saint-Germain.

Foi com alegria que lhe estendi a mão naquela tarde memorável de 1º de maio de 1855. Imaginei que ele viera, como eu, em busca de algum diagnóstico. A clarividência da Sra. ROGER, como lhes disse, era justamente afamada. E, até aquele instante, eu pensava, só se aplicava a fins terapêuticos. FORTIER a magnetizava para prognósticos e curas e eu, Magnestista curandeiro, que também sou, não ia à sua presença, senão para tais fins. Ora para surpresa minha, a Sra. ROGER consentiu, a pedido de PÂTIER, em evocar a Alma duma pessoa recém-falecida e pranteada por esse Amigo. E, para maior espanto meu, a Alma evocada ‘veio’ e deu evidência de sua identidade a não deixar dúvidas em ninguém.

Após o transe da Sra. ROGER; RIVAIL questiona o Amigo PÂTIER:

– Desde quando acredita você na Comunicação dos Mortos pelo Sonambulismo? E o Amigo, falando com serenidade, respondeu-me.

– Desde que assisti pela primeira vez, no ano passado, a uma sessão de ‘Mesa Falante’.

– Como! Exclamei surpreso. Crê Você, então, que o fenômeno da ‘Mesa Rotante’ é produto dos Mortos? E ele, replicou-me calmamente:

– Posso afirmar-lhe que sim, falando de pura e sincera convicção. No fenômeno da ‘Mesa’ não intervém, a meu ver, outra vontade, nem outra força, que a vontade ou a força das Almas dos Mortos.

Balbuciei profundamente chocado:

– Espantoso! E PÂTIER acrescentou:

– Você tirará a mesma conclusão, julgo eu, quando fizer suas experiências. Olhe: As sessões de Mme. DE PLAINEMAISON, por exemplo, são ótimas para esse fim.


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