18 de abril de 1857, continua...

À tarde ALLAN KARDEC chegou à Livraria DENTU, o gerente CLÉMENT o abraçou, visivelmente satisfeito, e disse lhe:

Jules Denis de Sennevoy (1796 - 1881).
Comumente conhecido como Barão Du Potet.
– Já desmanchamos o segundo pacote. Venderam-se mais de cinquenta volumes até agora, fora os que dei de presente, como propaganda. DU POTET, o Barão em pessoa carregou dois exemplares e perguntou-me, com interesse, quem era o autor. Antes de saber ele, lá em cima, na certa, acabei dando-lhe o nome de guerra com que Você é conhecido na Sociedade Mesmeriana.

H. DENIZARD, então?

– Justo. Não me leve a mal se fui meio indiscreto.

– Fez bem, meu caro. Era mesmo meu intento enviar um exemplar ao Barão. Apenas pretendia fazê-lo com o pseudônimo de ‘Allan Kardec’.

– Tive em mente o reclamo que ele poderá fazer d’O LIVRO no ‘Journal du Magnétisme’, agora em nova fase, depois da briga, e todo consagrado ao ‘Spiritualisme’.

– Fico-lhe grato pela intenção. Certamente, haveremos de ter adeptos entre os Magnetistas, principalmente os da nova escola do Barão.

Amandine Aurore Lucile Dupin  (1804 - 1876)
Mais conhecida como George Sand.
– Sabe? George SAND surgiu hoje, por aqui. Fiz questão de dar-lhe, também, um exemplar d’O LIVRO. Após rápida inspeção da obra, lendo alguns trechos ao acaso, sem separar as folhas, quis adquirir outro exemplar para enviar a Victor HUGO.

Victor Marie Hugo (1802 - 1885)






– A Victor HUGO?

– Exato, ao nosso grande poeta exilado. E HUGO tem escrito páginas e páginas, com pensamentos e versos de poetas e escritores mortos, recebidos pela mesa falante.

– Um poeta genial, como Hugo, não poderia repudiar a teoria espírita, que explica as inspirações. Aliás, sua lira sempre foi, fundamentalmente, espiritualista. Tornar-se-á, doravante, um dos nossos?

– Fatalmente!

CLÉMENT, o senhor DENTU está lá em cima?

– Não, mas virá logo. Suba, Professor. A Viúva já o viu cá em baixo e terá prazer em falar-lhe um pouco sobre O LIVRO, nossa novidade do dia.


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