Retribuir o consolo recebido. |
Incutir
em nossa consciência espírita a ideia do Dízimo como sendo o contributivo
financeiro de amor à causa do Espiritismo será, acreditamos, uma importante
decisão.
O
presente artigo, resultado de nossas experiências como Tesoureiro Geral da
Federativa Estadual – CEE – Comissão Estadual de Espiritismo (Recife/PE), durante 10 anos, faz
uma apreciação sobre esse preconceituoso tema, quando tratado no meio espírita.
O que é o Dízimo? Segundo o dicionário Caldas Aulete: “adj. a décima parte. Contribuição que se pagava à Igreja e que
consistia em a décima parte dos frutos colhidos. Imposto…”. Subentende-se
que, economicamente, representava a décima parte da renda auferida do trabalho
produtivo.
Historicamente,
o Dízimo representava a obrigação pecuniária devida à Igreja, a qual, em épocas
bíblicas, exercia poderes de Estado, sendo tal contribuição oferecida ao
Senhor. No evolver da História, o Dízimo, atualmente, é conscientizado pelas
religiões tradicionais como a contribuição monetária garantidora da salvação do
crente no Reino de Deus. Dita contribuição, não mais imposta pelo
Estado/Igreja, passou a ser induzida pelas Igrejas Salvacionistas.
A
concepção do Dízimo no Espiritismo é meramente histórica, não constituindo
referencial monetário de contribuição para as obras materiais do Espiritismo,
cuja Doutrina, conforme seus ensinamentos e princípios, deixa o profitente espírita
em estado de consciência livre para suas deliberações. Partindo dessa
conjetura, uma pergunta embutindo resposta óbvia merecerá ser feita: A quem,
primordialmente, caberá a obtenção dos meios financeiros para o Espiritismo
senão ao profitente espírita?
Mas,
a verdade é que tal assertiva não toca à maioria de nós espíritas. Paira sobre
o nosso dever de amor à causa do Espiritismo lamentável negligência e
repreensível omissão.
Para
elucidação sobre o assunto, concedamos a palavra a dois renomados espíritas que
têm se preocupado com essa problemática:
Marcus Vinícius Ferraz Pacheco (de Recife/PE):
“Abordando esse assunto, é impossível deixar de citar nosso
estimado baiano Ildefonso do Espírito Santo – atuante trabalhador da causa
espírita no Brasil, que ao tratar da questão sempre menciona que desde quando
alguém declarou que ‘dinheiro e Espiritismo não se misturam’ estabeleceu-se um
pretexto para os que não gostavam muito de ‘meter a mão no bolso’ continuarem
deixando de colaborar financeiramente com as obras espíritas. Essa frase,
equivocadamente interpretada, é a grande responsável pela maioria das
dificuldades que enfrentamos no dia-a-dia da divulgação da Doutrina Espírita.
Grande parte dos nossos confrades, ativos participantes das atividades das
inúmeras Instituições Espíritas espalhadas pelo nosso País, mudam de assunto
tão logo os apelos que lhes são dirigidos impliquem na emissão de um cheque ou
na entrega de algumas cédulas. A questão está de tal forma enraizada que muitos
ficam indignados diante da simples cobrança de uma taxa de inscrição para um
evento espírita”.
Fonte: Espiritismo e o Vil Metal (Editorial ADE-PE Informe/Set. Dez. 98);
Richard
Simonetti
(de
Bauru/SP):
“Infelizmente, partindo do princípio de que o Espiritismo é
a doutrina da consciência livre, essas iniciativas (atividades voluntárias em
favor do bem comum) ficam ao arbítrio das pessoas que, mesmo quando se
conscientizam, tendem a estabelecer cotas mínimas de participação e
contribuição… Geralmente as pessoas oferecem suas sobras. Justamente por isso
muitos não contribuem. É que, segundo seus programas, há sempre compromissos
inadiáveis que absorvem as disponibilidades. – Estou reformando a minha casa… –
Viajarei de férias… – Troquei de automóvel… – Ampliei meus negócios… – Fiz
investimentos… – Meu filho entrou na faculdade… – Há gente doente em casa….
Oportuno lembrar a passagem evangélica da viúva pobre, em Lucas, 21:1-4:
Olhando Jesus, viu os ricos lançarem as suas ofertas no gazofilácio (onde eram depositadas
as oferendas). Viu também uma viúva pobre lançar ali duas pequenas
moedas. E disse: Em verdade vos digo que esta viúva pobre deu mais do que
todos. Todos estes deram como oferta daquilo que lhes sobrava; mas ela, da sua
pobreza, deu todo o sustento que tinha. A observação do Mestre é de clareza
meridiana. Enquanto nossas contribuições girarem em torno de sobras, pouco faremos,
porquanto na contabilidade dos interesses particulares sempre falta o
necessário. Mesmo generosos saldos credores são registrados como reserva
técnica para atender a problemas eventuais. Resultado – nunca sobra nada. O
valor da contribuição e sua regularidade são um assunto resolvido pelos
evangélicos. Com base em textos bíblicos, estabelecem o dízimo, a décima parte
do rendimento dos fiéis, entregue mensalmente à igreja”.
Fonte: O Caranguejo (as pessoas muito apegadas parecem ter
o crustáceo no bolso guardando seu dinheiro).
É oportuno trazer para conhecimento
uma prática adotada pelo Grupo Espírita Djalma Farias (Recife/PE), a partir da gestão
administrativa do confrade Marcus Vinícius, e que poderá ser válida como um
ensaio (simbológico) do Dízimo Espírita: a mensalidade social da referida Adesa
(GEDF) para com a Federativa Estadual CEE é baseada em 10% do salário mínimo do
País.
Merece igualmente ser mencionado,
como exemplo da cronicidade retração nossa em ajudar financeiramente o
Espiritismo, a iniciativa tomada pelo Ex-Tesoureiro do Instituto Espírita
Gabriel Dellane (Recife/PE, outra Adesa à CEE), confrade Aurélio Tenório Valença. Após persistentes e
frustradas tentativas de obtenção de recurso financeiro necessário para a
manutenção do referido Centro Espírita através das contribuições arrecadadas de
seus associados, cuja receita era muito insuficiente, passou a recorrer a
colaboradores, em sua maioria não espíritas, que eram seus colegas aposentados
do Banco do Brasil S.A. – Ag. Centro/Recife-PE. E lá, na Associação dos
Funcionários Aposentados do referido Banco, num trabalho de persuasão,
convencimento e propaganda da Doutrina Espírita (distribuição
de mensagens, informes espíritas, etc.) conseguiu
cadastrar vários de seus colegas como contribuintes. Utilizando essa
alternativa foi possível carrilhar recursos financeiros para o caixa da
Instituição de modo a superar as dificuldades. Parabéns ao companheiro Aurélio
Valença!
Haverá necessidade, portanto, de nós
espíritas adotarmos uma outra postura de compreensão e aceitação de nossos
deveres perante a Consoladora Doutrina – o Espiritismo, que amamos, o qual,
fazendo parte do contexto do plano terrestre não dispensará de meios materiais
para a sua atuação e seu desenvolvimento junto à humanidade encarnada, em que o
referencial para a sua expressão vibratória decorre ainda do “vil metal” –
dinheiro circulante na sociedade humana. E mediante tal reconhecida
necessidade, passemos a incluir em nossos orçamentos domésticos de manutenção
material e de sobrevivência, em caráter permanente e de valor condigno, a nossa
contribuição financeira ao Espiritismo, simbolizando essa prática o “Dízimo Espírita”.
A nossa Doutrina merece isso como
mera retribuição pelo muito que nos tem oferecido de paz, serenidade, fortaleza
espiritual e acima de tudo o conhecimento da verdade.
O convite de Cairbar
“(...). Seja voluntário na propaganda libertadora. Não
aguarde riqueza para divulgar os princípios da fé. Dissemine, desde já, livros
e publicações doutrinárias. Seja voluntário na imprensa espírita. Não espere de
braços cruzados a cobrança da assinatura. Envie o seu concurso, ainda que
modesto, dentro das suas possibilidades. (...). Ressoam os clarins da
convocação geral para as fileiras do Espiritismo. Há mobilização de todos.
(...)”
Fonte: Transcrição parcial da mensagem 58 – Seja Voluntário
– (páginas 140 e 141), do livro O Espírito da Verdade (autores diversos,
psicografia de Chico Xavier e Waldo Vieira), Editora FEB, Rio de Janeiro-RJ –
09/1985 – 5ª edição.
Por Paulo Francisco de
Souza
FONTE: http://www.guiata.com.br
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