O envelhecimento da criatura humana

Vida longa aos bons de coração!
O envelhecimento é uma fase natural da vida da criatura humana que se caracteriza, principalmente, pela diminuição do potencial de vitalidade, pelas transformações no corpo, acentuadamente da aparência física e, na maioria das vezes, pela mudança de humor e diminuição, do papel social do indivíduo.


Até a algumas décadas predominava o conceito de que a velhice era o final da vida, fase dedicada ao descanso, ao tempo livre. Nos últimos tempos, em face do envelhecimento populacional e dos novos parâmetros que regem o mundo do trabalho, esse conceito foi alterado e, no dinamismo da vida, o envelhecimento passou a ser percebido, como uma etapa onde os novos atributos e limitações que lhes são característicos, também podem ser utilizados, de forma significativa, na vida pessoal do idoso, em seu lazer e em suas intervenções na família e na sociedade, de forma geral.

Apesar do envelhecimento e da maior longevidade, grande parte dos idosos, principalmente os que se encontram na faixa de 60 a 75 anos estão em boas condições físicas, mentais e de saúde; aptos, portanto, para realizarem tarefas importantes para si, para a família e para a sociedade como um todo.

Assim, o idoso (pessoa com idade igual ou superior a 60 anos) não deve ser percebido como um inútil, um fardo a ser carregados pelos jovens e adultos, mas sim, como uma pessoa que merece, principalmente do ponto de vista ético, ter uma nova vida, plena de felicidade, ao longo do restante dos anos que lhe resta, qualquer que seja a condição em que se encontre. O importante é que sua dignidade seja respeitada.

O IDOSO E O CENTRO ESPÍRITA

É notório o crescimento do número de idosos no mundo, fato incontestavelmente comprovado pelos recentes recenseamentos realizados pela maioria dos países e que registram um real aumento da expectativa de vida da criatura humana, situação que tem levado seus dirigentes a dispensarem maior atenção para a terceira idade e para a faixa da população acima dos 80 anos.

No que se refere ao Brasil, os dados do último censo demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),em 2010, indicam que a expectativa de vida do brasileiro é de 74 anos, em valores arredondados. Estima-se que, se todas as causas de morte da população idosa, consideradas evitáveis, forem eliminadas, uma pessoa idosa de 60 anos poderá viver mais 29 ou quase 31 anos.

Esses dados não podem ser desconsiderados pelo movimento espírita ante seu esforço de responder, adequadamente, às necessidades dos que buscam a luz do Espiritismo para iluminar a mente e o espírito.

Intervenções e implementações no serviço de acolhimento e atendimento ao idoso nas casas espíritas se fazem indispensáveis. Assim como a infância e a juventude merecem um trabalho e atendimento especial na casa espírita, é tempo do movimento espírita mobilizar esforços no sentido de criar uma maneira nova de acolher e atender ao idoso que o busca na expectativa de encontrar um espaço de aprendizagem, convivência, ajuda consolação e serviço, que o acolha adequadamente e sem exclusão ou discriminação, principalmente no que tange ao seu potencial de produção, serviço e participação.

AÇÕES DO CENTRO ESPÍRITA VOLTADAS PARA
O ACOLHIMENTO DO IDOSO

a) Em atenção às limitações físicas e de saúde do idoso, o centro espírita poderia:
– reservar espaços térreos para os serviços onde, usualmente, o idoso se dirige, como por exemplo: os auditórios das palestras públicas, os sanitários, o atendimento fraterno, o serviço de passes, etc.;

– colocar corrimãos nas escadarias ou rampas que dão acesso aos espaços usualmente utilizados pelos idosos em andares superiores, já que os serviços e/ou atividades neles desenvolvidos não podem ser transferidos para um andar térreo;

– sensibilizar os frequentadores, jovens e adultos, presentes às reuniões públicas a cederem seus acentos, principalmente àqueles situados mais próximo a tribuna, aos assistentes em estado avançado de idade ou com saúde fragilizada;

– priorizar o atendimento do idoso nos serviços de passe, atendimento fraterno, assistência e promoção social ou outro por ele buscado;

b) Considerando os anos e experiência de vida do idoso, destacar, dentre os atendentes fraternos aqueles com faixa etária, no mínimo mais próximo da do idoso, que tenham mais experiência de vida e que apresentem seguro conhecimento e convicção espírita;

c) Sensibilizar o idoso que apresentar vitalidade, limitações e condições de saúde adequadas ao serviço, a colaborar com as atividades da casa, ocasião onde sua experiência e potencial poderão ser de grande utilidade para a instituição. Paralelamente, o seu engajamento nas atividades propiciará uma convivência mista com trabalhadores de variadas faixas etárias além de concorrer para o aumento da sua autoestima, por vezes bastante diminuída em decorrência do avanço da idade;

d) Criar ensejos de convivência prazerosa e produtiva, haja vista a maioria passar o dia sozinho, em suas casas, enquanto os outros membros trabalham, estudam ou se ausentam por qualquer outros motivos.

Como sugestão a instituição espírita poderia promover:
– Encontros para troca de conhecimento acerca de temas da Doutrina Espírita, ocasião em que cada um, não só teria a oportunidade de ampliar e compartilhar seus conhecimentos doutrinários, como também de desfrutar de momentos felizes numa convivência saudável, produtiva e prazerosa;

– Encontros entre idosos e sua família para participarem de sarau de poesias e contos com temática espírita, momentos de arte ou de exposição e venda de trabalhos produzidos pelos próprios idosos ou
não, em prol dos serviços assistenciais da instituição. Nessas ocasiões, a partir das contribuições voluntárias de gêneros alimentícios trazidos por cada idoso, poder-se-ía oferecer um lanche especial para eles e seus familiares. Tal ensejo seria de grande importância para o processo de estreitamento de afetividade familiar já que, atualmente, vivemos um momento onde a desagregação familiar é um fenômeno social preocupante já que ela tem fortemente contribuído para a precariedade dos laços afetivos e o isolamento do idoso no seio de sua família;

– Comemoração de aniversário dos trabalhadores idosos. Isto demonstraria para ele o apreço dos amigos naquele momento tão significativo de sua vida;

– Engajamento do idoso em atividades mantidas pela instituição como, por exemplo; coral, teatro, confecção de vestimentas para os socialmente carente, preparo de provisões alimentícias e sopas para
os assistidos pelo serviço de assistência e promoção social da instituição, etc.

e) Realizar visitas ao trabalhador idoso que esteja enfermo ou ausente por um período mais ou menos prolongado. Este gesto não só evidenciaria um sentimento de fraternidade cristã como também faria com que o idoso se sentisse considerado pela instituição e pelos amigos.

CONCLUSÃO
Diante da realidade que envolve o crescimento do número de idosos no mundo e em nosso país, situação sobejamente comprovada pelos estudos que apontam o aumento da expectativa de vida da criatura humana, a instituição espírita não pode desconsiderar essa realidade na sua dinâmica de trabalho. Daí a necessidade de se repensar alguns serviços e procedimentos onde o idoso também é assistido ou participe.

Segundo o respeitável escritor espírita J. Herculano Pires, em seu livro “O Centro Espírita”, “não basta o centro espírita semear idéias fraternistas entre os homens, é necessário concretizá-las em atos pessoais e sinceros.”

Por Xerxes Luna

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