Espíritas comunistas, isso pode?

O homem de fé não pode defender ideologias contrarias a religião.

Respondendo a mim mesmo a reflexão que propus ainda em fevereiro deste ano e após estudar alguns textos sobre Marx e o comunismo, a resposta que chego é que não é possível ter-se espíritas comunistas.


Apesar de vários espíritas se intitularem comunistas (e acreditarem na causa comunista), a minha reflexão é baseada na lógica sobre os princípios básicos da Doutrina Espírita em contraponto com os princípios básicos do comunismo.

Primeiro, o comunismo se baseia na coletividade. O pensamento e as ações são todas dentro de um arranjo da coletividade. Os seres são tratados sempre como fazendo parte da coletividade e o seu comportamento é o comportamento do coletivo. O Espiritismo, ao contrário, é individualista. Para a Doutrina Espírita, o indivíduo é o responsável pela sua evolução (a qual ocorre em contato com o semelhante), da mesma forma é nele que recai a lei de causa e efeito (a despeito das chamadas provações coletivas). Seu comportamento é único e cada qual tem a sua parcela e ação e responsabilidade, que sempre individual (a despeito de viver em sociedade). O pensamento espírita é, pois eminentemente individualista.

O segundo ponto é sobre a propriedade. No comunismo não há efetivamente a propriedade do que quer que seja, em especial dos meios de produção, pois tudo é do coletivo, da comuna. A Doutrina Espírita é defensora da propriedade. Como individualista, é claro que o espiritismo não somente defende a propriedade como a coloca como um direito básico do homem, independente de Deus poder lhe tirar a propriedade quando for de interesse para a sua evolução. A propósito, não existe algo como “propriedade coletiva”, pois propriedade é sempre privada.

Outro ponto é a questão religiosa. Para o comunista, a religião é como um “ópio do povo”, pois é parte da geração e manutenção do status quo social, evitando-se a liberação do indivíduo das amarras da classe exploradora, portanto não deveria existir. De fato, os países que tentaram o comunismo proibiram todas as religiões. Já a Doutrina Espírita é por si uma religião.

Por último, e o ponto fundamental, é quanto aos objetivos. O objetivo do comunismo é a geração de uma nova sociedade e um novo homem, a despeito que os velhos homens e a velha sociedade pereçam na revolução. Já o espiritismo crê na regeneração do homem e propõe o novo homem a partir da transformação moral do homem velho, através de inúmeras reencarnações. A sociedade seria consequência desse homem e dessa transformação. A transformação é moral e não revolução, mas evolução.

Por tudo isso é incoerente a existência de espíritas comunistas.

Num país, como o Brasil, onde cada vez mais os pensamentos socialistas e coletivistas se instalam, é sempre bom fazermos essas reflexões.

Por Andre Cavalcante

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