Conheça os diversos tipos de espíritas

Indefinição, Incompreensão e Interesses.
Levam à Intolerância doutrinaria.   


De fato, o Espiritismo não possui divisões. Ou pelo menos não deveria ter! Mas como os estudos de Kardec não foram continuados e em seu lugar apareceu a fé cega de um religiosíssimo irresponsável, muitas linhas acabaram surgindo.




Já que cada espírita ou pseudo-espírita entendeu de defender seu ponto de vista pessoal, sem usar o raciocínio para analisar friamente os pontos da doutrina. Resultado: vários tipos de “espíritas” começaram a aparecer, cada um com seu interesse próprio.

Listo aqui os tipos de espíritas e pseudo-espíritas que existem com base no que observei. Cada tipo é seguido por um comentário meu. Antes que gere qualquer polêmica, eu repito: é com base em observações que eu fiz. Apesar de eu ter usado a lógica para definir cada uma, pode aparecer alguém que discorde. Que cada um faça a sua lista. Agora, vamos a minha lista.

Espírita Original, Espírita Verdadeiro ou Espírita Kardecista:
São os espíritas originais ou verdadeiros, fiéis às obras da codificação e que priorizam o lado cientifico, sem desprezar o lado filosófico e os assuntos referentes à conduta moral. São minoria no Brasil e costumam criticar os espíritas cristãos por estes deturparem pontos importantes da doutrina. Não possuem fé cega, exigindo comprovação real para qualquer dogma que seja lançado.

Espírita Brasileiro, Espírita Cristão, Espírita Evangélico, Espírita Chiquista ou Espiritólico:
É a maioria esmagadora no Brasil e em colônias de brasileiros no exterior. É o que essa maioria e os leigos conhecem como “Espiritismo”. Apesar de se auto-rotularem “kardecistas”, desprezam as obras de Kardec preferindo eleger Chico Xavier como seu maior líder e guru. Contrariam muitos pontos da doutrina de Kardec. Priorizam a fé religiosa e inseriram na doutrina uma avalanche de enxertos de outras crenças, a maioria vindos do Catolicismo medieval (crença seguida por Xavier). Acreditam que estamos evoluindo rapidamente e que somos tutelados por espíritos considerados “superiores”, detentores dos segredos do universo. Lideranças desse tipo de “espírita” também são considerados de “evolução máxima”, rotulados de “missionários”. A ciência e a racionalidade só são permitidas se forem para confirmar pontos da doutrina gerados pela fé cega, que eles chamam de “fé raciocinada”. Não admitem que seus dogmas e mestres sejam contestados. São altamente religiosos e acreditam no mundo espiritual como uma gigantesca igreja.

Espírita da linha Ramátis:
São os que inserem aspectos da doutrina de Ramátis, suposto espirito de linha semi-oriental - lembra o hinduísmo - que segundo a crença, se comunicava através de um médium paranaense chamado Hercílio Maes. Embora seus seguidores e simpatizantes gostem de se auto rotular “espíritas”, há controvérsias quanto a isso e muitos especialistas preferem considerar o Ramatisismo como uma seita religiosa a parte. Divaldo Franco, apesar de não pertencer a esta doutrina, é simpatizante e principal difusor de suas ideias e as enxertou no Espiritismo brasileiro, reforçando a confusão doutrinária.

Espírita Científico ou Espírita Laico:
Parecido com o Espiritismo original, ele reforça caráter científico da doutrina, recusando qualquer tipo de enxerto e se mantendo fiel aos pontos originais da doutrina. A diferença é que para tudo exige comprovação rigorosa por meio de pesquisas detalhadas que resultem informações minuciosas. Há quem diga que na verdade este é o Espiritismo original codificado por Kardec. Neste tipo, o lado religioso é desprezado, com ênfase maior nas pesquisas cientificas sobre tudo que está alheio ao mundo material que conhecemos. Muitos físicos espíritas integram este tipo, que também é maioria entre os que trabalham com Transcomunicação Instrumental (TCI).

Espírita Ateu:
Parece estranho, mas se lembrarmos que o Espiritismo na verdade deveria ser uma ciência, é absoluta mente normal haver o Espiritismo ateu. É a linha que este blogue prefere seguir e considera que o mundo espiritual existe, é real, mas não depende de uma divindade ou individualidade para controlá-lo. Acredita que o que acontece de sobrenatural na verdade é feito por espíritos (que são as pessoas, sem os corpos) ou pela sucessão de fatos naturais e que no futuro, a Física encontrará explicações para tais fenômenos que nos parecem estranhos. Interpretam a resposta inicial para “o que é Deus” como a recusa de uma individualidade pois as expressões “inteligência suprema” e “causa primária” não se referem a uma divindade ou individualidade e sim a um conjunto de leis biológicas, químicas e físicas. Rejeitam completamente a religiosidade de algumas releituras da doutrina. Só aceitam aquilo que pode ser provado, reprovando a fé cega sem hesitar.

Espírita de Ocasião:
No Espiritismo verdadeiro, tratamentos espirituais não existem. Mas nas vertentes mais religiosas, sobretudo no Espiritismo Cristão, a medida é utilizada supostamente para resolver problemas materiais (??!!) de pessoas, sendo na verdade uma espécie de “isca” para tentar aumentar o número de seguidores (o Espiritismo Cristão também enxertou o desejo de “aumentar o rebanho”, existente no Catolicismo e nas igrejas Pentecostais). Os pacientes esses tratamentos, que curiosamente são obrigados a assistir as palestras (sermões), acabam sendo considerados “espíritas de ocasião”, sendo adeptos durante o tratamento. Geralmente após o tratamento, largam o “Espiritismo” e retornam às suas antigas convicções ou crenças, apesar de serem contabilizados pelas instituições “espíritas” nas estatísticas sobre o número de seguidores. Este tipo é presente apenas nas vertentes religiosas, que admitem tratamentos supostamente espirituais.

Espírita Especulador ou Espírita de Palpite:
Subdivisão do Espiritismo Cristão. Acreditam em qualquer coisa que é mencionada nas palestras, com base na confiança no prestígio de palestrantes e líderes. Nunca fazem estudo sério da doutrina e constroem seu repertório de convicções com base em boatos lançados por palestrantes e por outros seguidores. Neste tipo de “Espiritismo”, vários conceitos vão e vem, sem comprovação, mas aceitos por maiorias que preferem veem alguma lógica, mesmo forjada, em certos absurdos. Por exemplo, a crença em animais fofinhos no mundo espiritual nasceu de especulações lançadas desta forma.

Espírita Capitalista, Espírita de Direita ou Espírita Calvinista:
Subdivisão do Espiritismo Científico, mas enxertando alguns pontos do Espiritismo Cristão. Acreditam que a má distribuição de renda é justa, ignorando os processos que levam a sua ocorrência. Consideram os pobres como pessoas que merecem estar nesta condição, por terem “falhado” nas reencarnações anteriores. Os ricos são considerados predestinados por - supostamente - se esforçarem para isso. Cultuam o capítulo do Evangelho Segundo o Espiritismo (ESE) que fala da desigualdade das riquezas, fazendo uma interpretação pessoal que alega que a “má distribuição de renda acelera o progresso terrestre”. Apesar de se considerarem “progressistas”, reprovam ideias de esquerda e mais ainda o Socialismo, até por causa de seu ateísmo e suposto materialismo - espíritas capitalistas não são ateus - e acreditam que a salvação só é possível através de muito esforço e sofrimento (no pain, no gain), apesar de enxergarem na riqueza algo similar ao conceito de que “os fins justificam os meios”, aplaudindo pessoas bem sucedidas sem querer saber como elas atingiram o sucesso, usando a fé em seu suposto esforço. Não aceitam rótulos, embora assumam posições bem definidas sobre o que acreditam. É um tipo muito comum nas redes sociais, onde as ideias de direita predominam.

Espírita Científico anti-Kardec ou Espírita Cético:
Forma estranha de Espiritismo que cresce lentamente e silenciosamente. Descontentes com pontos na codificação em que discordam e com a forjada, mas frequente associação do kardecismo com a forma religiosa praticada no Brasil, seguidores preferiram romper com Kardec e eleger outros estudiosos para entender a doutrina. Normalmente preferem seguir intelectuais ingleses e italianos e também pesquisar por conta própria, desprezando as obras escritas pelo professor francês.

Espírita Religioso anti-FEB:
Outra forma estranha que parece ser uma versão oposta da anterior. São espíritas que discordam dos enxertos colocados no Espiritismo brasileiro, mas não negam o aspecto religioso, sobretudo cristão, colocado na doutrina. Consideram o ESE uma adaptação do Novo Testamento e Jesus como maior mestre, acima mesmo de Kardec (definido como continuador do Cristianismo). É outro tipo muito comum em fóruns espíritas que contestam os erros da FEB e de seus mitos. Não consideram Chico Xavier um líder, tratado como um “estranho no ninho”, desprezando suas obras. Mas enxergam em Kardec um líder religioso, além de recusarem a forma laica da doutrina, afirmando que o Espiritismo é sim, uma religião, apesar de admitirem as boas relações com a Ciência.

Espírita Esotérico:
É aquele tipo que desconhecendo a versão original da doutrina, mas também as outras formas deturpadas, resolve embolar conceitos e considera como “espírita” qualquer doutrina que a defenda a reencarnação e a comunicação com os mortos. São muito esotéricos, acreditam em astrologia, homeopatia, misticismo e formas “alternativas” de tratamento. Costumam ser bastante alucinados e pensam estar em sintonia constante com as outras dimensões espirituais. São bastante supersticiosos. Há quem considere os ramatisistas como parte deste tipo, além da Conscienciologia, fundada pelo ex-parceiro de Chico Xavier, Waldo Vieira, embora estas doutrinas, seitas claramente delimitadas com pontos próprios, não façam realmente parte do Espiritismo.

Espírita por Entretenimento:
Geralmente são pessoas mais interessadas em saber o que acontece durante as comunicações com os mortos, com os passes e outras atividades envolvendo espiritualidade. Os jovens que fazem a “brincadeira de copo”, por exemplo, fazem parte deste tipo. Normalmente são ingênuos e desconhecem os perigos de comunicações irresponsáveis.

Espírita Ufólogo:
São os espíritas, seja de qualquer tipo que usam a doutrina para tentar entender a Ufologia e vice-versa. Há predomínio dos científicos, mas também religiosos neste grupo. Vários dos espíritas ufólogos acreditam que ETs estejam nos monitorando em nosso cotidiano.

Espírita da linha Norte-Americana:
Não seguem Allan Kardec, nem renegam (apenas desconhecem), mas compreendem o mundo espiritual de maneira muito mais correta e equilibrada que os seguidores de Chico Xavier, estes afeitos a fantasias e misticismos. São mais racionais e se parecem com os integrantes do tipo cientifico. Raramente mencionam religiosidade e sua perspectiva de mundo espiritual é mais realista, embora às vezes se influenciem em alguns estereótipos de obras de terror e de ficção científica. Mesmo assim, superam os do tipo Cristão na compreensão da realidade. Os livros da atriz Shirley McLaine, filmes como Ghost e Sexto Sentido e o seriado Ghost Whisperer são exemplos bons que mostram essa linha.

Espíritas Afro-Brasileiros:
Não são espíritas de fato. Usam esse rótulo para fugir das perseguições racistas. Tem características muito diferentes de qualquer forma de Espiritismo, tendo em comum apenas a comunicação com os mortos. Enriqueceram a cultura brasileira e a sua bela mitologia é admirável, mas não exaltam nenhum tipo de relação com a Ciência, assumindo ser um conjunto de religiões como outro qualquer. Utilizam apenas a fé para defender seus pontos de vista.

Por Jean-Luc Picard

FONTE: http://espiritismooriginal.blogspot.com.br

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