Temos
visto, de forma cada vez mais frequente, no meio Espírita, apelos e
defesas para que se “evangelize” o Espiritismo, bem como se encontram ferrenhos
defensores do Espiritismo como “religião”.
Vêem-se mesmo colocações do tipo
“... necessitamos é de evangelho ...”.
Em
minha opinião, o “religiosismo” e o “evangelismo” acabará por destruir o
Espiritismo, pois se está abandonado a
“... filosofia com base científica
e
consequências
éticas e morais ...”
preconizada no Livro dos
Espíritos, para um “evangelismo” exacerbado, transformando muitas Casas
Espíritas em igrejas, onde o ouvir palestras e tomar passes passam a ter
“status” de rito religioso.
Nessas
Casas, não se aprofunda e se discute mais a Filosofia Espírita de Vida,
e não se discute como transforma-la em aprendizado, em habilidade, em aptidão.
Passamos
a ter “estrelas ou pop stars” que ministram palestras, mais preocupados com a
própria imagem, com o falar empolado, com técnicas avançadas de oratória,
mas incapazes de serem animadores e promotores das mudanças pessoais e sociais.
Professor
Rivail (Allan Kardec) nunca deu um aspecto religioso ao Espiritismo.
Mostrem-me
isso nas obras básicas!
Isso não
existe.
Não
podemos abrir mão da Doutrina Espírita em nome de uma “religião espírita”,
acreditando que isso se
“...
corrige mais tarde ...”.
Um edifício mal construído
acabará desabando. Um alicerce mal feito não suporta uma obra de grande porte.
Rivail
(Kardec) estabeleceu um tripé didático para a Doutrina Espírita: Filosofia,
Ciência e Ética-Moral (e não religião).
A Ética
e a Moral adotadas são a do Cristo, brilhantemente descrita no Evangelho
Segundo o Espiritismo. Mas é ética e moral, aplicada em uma filosofia de vida,
embasada em conhecimento científico.
O
aspecto religioso do espiritismo, tal como concebido pelo professor Rivail, é
íntimo, pessoal e individual. Não precisamos transformar as Casas Espíritas em “igrejas
espíritas”, pois isso nada acrescenta, só atrapalha.
Em “evangelismo”,
temos que reconhecer que existem algumas religiões muito eficientes nisso. Se
vamos seguir por esse caminho, vamos aprender com elas.
Mas essa não será a minha opção!
Assusta-me
uma colocação como essa:
“...
precisamos é de evangelho ...”.
Isso é quase um discurso
do neo-evangelismo, das modernas igrejas evangélicas.
Não é
isso que precisamos. Precisamos de amor em ação, de caridade em ação, de ética
em ação, de pensamento construtivo em ação, de efetivamente nos tornarmos
criadores de uma nova realidade.
Precisamos
é de Filosofia Espírita, de Moral Espírita, de Ética Espírita, e isso já está
contido no Livro dos Espíritos, a principal obra do Espiritismo (e
poderia até ser a única).
Precisamos
transformar as Casas Espíritas em oficinas
de aprendizado, em “fábricas” de habilidades e aptidões éticas e morais, em
não em púlpitos de discursos e pregações, esteticamente lindas, belas,
mas inócuas por não estimularem a evolução individual.
Cristo
como modelo. Claro que sim. Somos todos admiradores desse ser. Mas procuremos
conhecer o Cristo Histórico, O Cristo Humano, o Cristo Revolucionário, o Cristo
que não tinha uma religião, que não fundou uma religião, que não se entregou as
religiões, que VIVEU sua pregação, que tentava transformar ensinamento em
aprendizado. Que seja ele o nosso modelo de construção de vida e de
sociedade. O Cristo Vivo, não o Cristo das Igrejas e Religiões. O Cristo
em nosso coração e nas nossas ações, e não no evangelismo pobre e limitador.
Esta é
uma opinião pessoal, mas mais que isto, é uma crença pessoal, uma diretriz de
minha conduta dentro da Doutrina Espírita. Compreendo e respeito quem pensa
diferente. Reconheço-lhes esse direito. Mas lutarei tenazmente pelo
Espiritismo Filosófico, Científico, Ético e Moral. E para evitar que nos
transformemos em Igreja.
Texto adaptado de Carlos Augusto P. Parchen
Fonte: //carlosparchen.net
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