Jesus Afirmou ser...

O CAMINHO, A VERDADE e A VIDA
e que NINGUÉM iria ao pai a não ser por ELE?

Essas afirmações superexclusivistas também não são de autoria de Jesus, mas do evangelista João: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim”1.

Argumento que este versículo joanino, um dos mais citados em toda a literatura cristã, não é de autoria de Jesus, porque é um versículo superexclusivista e Jesus foi um personagem altamente pluralista.

Imaginem quanta discriminação por parte dos cristãos, ao longo de toda a sua história, contra as outras religiões, exatamente com base em interpretações literalistas e exclusivistas dos escritores do Novo Testamento, a respeito de palavras inautênticas atribuídas a Jesus, como as desse famoso versículo de João.

Se Jesus é literalmente o caminho, não há outro caminho, ou seja, ficam excluídas automaticamente todas as pessoas que seguem outros líderes religiosos e outras religiões.

Imaginem que dois terços da humanidade (hoje cerca de 4 bilhões de seres humanos não cristãos) ficariam todos excluídos, caso passagens evangélicas exclusivistas como essa fossem realmente autênticas. Em outras palavras, para os cristãos exclusivistas, baseados num Evangelho também superexclusivista, como o de João, só há um caminho e uma só religião. Se Jesus é a verdade, todos os outros caminhos tornam-se automaticamente “falsos”. Se Jesus é a vida, quem não o segue está “morto”, está “perdido” e “condenado” às penas eternas, conforme a interpretação apocalíptica da maioria dos cristãos. É mais do que evidente que o Jesus histórico, pluralista, jamais tenha sido o autor desse versículo superexclusivista e apocalíptico, segundo o qual quem não segue Jesus está morto, perdido e condenado ao inferno.

Esse famoso versículo foi (e continua sendo) a grande lógica para o slogan exclusivista: FORA DE CRISTO, NÃO HÁ SALVAÇÃO (ou, mais restritamente, FORA DA IGREJA, NÃO HÁ SALVAÇÃO), uma vez que Jesus não apenas seria o caminho, a verdade e a vida, e ninguém iria ao Pai a não ser por ele, mas também teria fundado uma Igreja e entregue exclusivamente a Pedro as chaves do Reino dos Céus2. A interpretação exclusivista desse versículo joanino tem apoiado a pretensão do cristianismo institucional de ser “a única fé verdadeira para toda a humanidade” (DRCO, verbete cristianismo), todas as demais religiões sendo automaticamente classificadas como “marginais” ou “falsas” (cf. DRCO, p. 379).

É preciso esclarecer também, com base na história das religiões, que o conteúdo de João, já havia sido atribuído a outros líderes religiosos do mundo, quatro ou cinco mil anos antes de Cristo. Por exemplo, na literatura sagrada do hinduísmo, Krishna, o filho de Deus, o verbo encarnado, o primeiro salvador do mundo, nascido miraculosamente de um parto virginal, cerca de cinco mil anos antes de Cristo, também declarava ser O CAMINHO, A VIDA E A LUZ DA VERDADE: “Eu sou o caminho [...]; eu sou a vida [...]; sou eu mesmo a luz da Verdade [...]”3. Hórus (divindade egípcia), quatro ou cinco mil anos antes de Cristo, também declarava ser A LUZ DO MUNDO, O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA4.

Em suma, para concluir a resposta da presente pergunta, reafirmo que o conhecidíssimo versículo de João 14:6, literalmente interpretado, e atribuído exclusivamente a Jesus, é, de fato, uma das maiores mentiras do cristianismo dogmático sobre o que Jesus disse. O Jesus histórico, repito, nunca afirmou ser o único caminho e a única verdade, e que ninguém iria ao Pai a não ser por ele. Tal atitude exclusivista de Jesus feriria frontalmente a base de sua doutrina pluralista, qual seja, a do amor ao próximo e a humildade, caracterizando arrogância espiritual, erguendo assim um muro intransponível entre o cristianismo e todas as demais religiões deste planeta. Jesus é um caminho ao lado de muitos outros, mas não o único caminho. Essa velha crença exclusivista do cristianismo dogmático paulinista precisa mudar. Do contrário, dificilmente poderá haver verdadeira fraternidade entre cristãos e não cristãos e, menos ainda, a existência do diálogo inter-religioso de igual para igual.

1 João 14 – 6.
2 Mateus 16, 18 – 19.
3 ROHDEN, Bhagavad Gita, p. 92, nº 18-19; p. 101, nº 11.
4 HARPUR, 2008, p. 93.

 Por José Pinheiro de Souza
Do livro Mentiras sobre Jesus.
Fonte: http://professorpinheiro.com/livros.html

3 comentários:

  1. E se o que João disse for verdade? Se for verdade você pode estar perdido, se for mentira então qual o sentido da vida? Reencarnação? Ora será que realmente a vida se resume nisso? Nascer e Morrer - um ciclo vicioso? Eu não consigo crer que nós somos obra do acaso, nem que temos que viver num ciclo vicioso continuo. Já parou para pensar que é possível que você pode estar errado nas suas convicções? Sua fé está amparada em que? Na verdade ou na mentira?

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  2. Meu querido, quantas perguntas você tem? Provavelmente todas sem respostas? Bem, eu também não tenho as respostas pra estas suas questões, o que aprendi com a vida e com as religiões que frequentei, foi ter o bom senso, a razão e a lógica, sempre como guia para encontrar a minha verdade. Afinal, ninguém e em lugar algum você encontrará a verdadeira verdade, a não ser em você mesmo. Sobre eu estar perdido, posso lhe afirmar que NÃO estou perdido, porque a minha crença esta baseada em meus estudos e na minha razão de ver e entender as "coisas" de Deus. Sobre sermos obras do acaso, Eu não acredito no acaso, portanto não penso nisso. Pra você afirmar que vivemos num ciclo vicioso contínuo (Reencarnação), mostra que lhe falta mais estudo sobre o tema. Portanto não vou entrar no mero da questão.

    É possível que eu esteja errado, e se isso ocorrer, garanto que me recupero. Agora pense! Você já parou para pensar que é possível que você pode estar errado nas suas convicções também?

    Minha fé é amparada na melhor coisa que Deus me deu? O meu poder de pensar e aceitar ou recusar as muitas verdades das pessoas.

    Tudo de bom!

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  3. Como espírita, contesto totalmente o texto acima, que ofende a pessoa divina de Cristo, o Cristianismo e o grande discípulo de Cristo, que foi João. Isto não é Espiritismo: é a expressão baixa e repugnante de um escritor que pensa ser espírita. Este site, é de fato, uma das divulgações mais vergonhosas e arrogantes do Espiritismo.

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