O tempo é desigual entre mundo espiritual e material. |
Desde
que o mundo é mundo o homem busca, por meio das previsões, antecipar-se aos
acontecimentos. Quer saber o que poderá ocorrer-lhe adiante, desvendar o
futuro, vasculhar o que ainda não aconteceu, como se a vida fosse um livro já
escrito em que ao invés de escrevermos a história vamos apenas abrindo as
páginas para ver as tintas que ali já estavam grafadas.
Seríamos,
a partir desta ideia, não construtores do nosso destino, mas meros
coadjuvantes, indivíduos passivos em face do irremediável Maktub.
Aí estaria
a quebra do livre arbítrio e da possibilidade de escolha do homem, tese esta
que contraria o bom senso.
Claro
que não me refiro aqui as previsões escritas por filósofos, historiadores,
economistas ou professores que se arvoram a desenhar possíveis cenários para o
mundo baseados em dados e informações do ontem e do hoje.
Refiro-me
as previsões de ordem mística, miraculosa que extrapolam as leis da natureza. E
dentre essas previsões, uma das que mais chamam atenção é, sem dúvida, as que
falam do fim do mundo.
Já
tivemos infinitos fins de mundo. A época de Kardec também abraçou os finais de
mundo. Kardec traz, aliás, um texto na Revista Espírita, abril de 1868, que
fala sobre o final do mundo em duas ocasiões. Uma em 1840, portanto, anterior
ao texto publicado na Revista Espírita e outra em 1911, portanto, data
posterior ao texto. Hoje, em 2019, sabemos que o mundo não acabou em 1911.
Mas
as previsões prosseguiram. Uma das mais recentes foi o final do mundo em 2012.
Recordo-me que muita gente me procurava, apavorada, com o possível final dos
tempos.
Eu brincava:
Ora,
somos Espíritos imortais, caso o mundo acabe Deus arrumará outro para que
possamos morar. Não há razão para medo.
A
propósito, acompanhei um caso curioso: um casal, atônito com a ideia de terem
seus dias exterminados em 2012 sem conhecer um país que não fosse o Brasil,
decidiram fazer um largo empréstimo no banco para realizar a tão sonhada viagem
antes do final do mundo.
O
banco aprovou o empréstimo, eles viajaram, aproveitaram e... o mundo não
acabou. Resultado: ficaram 5 anos pagando as prestações do empréstimo,
decepcionados e bem complicados financeiramente.
Numa
das sessões da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, em junho de 1860,
Kardec faz constar interessante observação que pode elucidar essas questões
referentes a datas previstas para acontecimentos.
Convidado
por um médium a corroborar com sua tese de que determinados acontecimentos têm
data fixa para ocorrer, Kardec declina o convite e diz que este não é o
objetivo do Espiritismo. Caso algo aconteça em data predita trata-se de uma
excepcionalidade e insistir em coisas assim é, definitivamente, desvirtuar a
função que o Espiritismo veio prestar à humanidade.
É
interessante ao espírita, portanto, seguindo a diretriz de Kardec, abster-se de
entrar nessas discussões de datas e previsões, apontando este ano, mês ou dia
para que determinados fatos ocorram.
Futurologia
não é o forte do Espiritismo, já disse Kardec. Ora, se este não é o forte do
Espiritismo, para quê insistir?
Pensemos
nisso.
Por Wellington Balbo
FONTE:
Pura verdade !!!
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