Os Milagres Existem? |
O milagre vem de tempos
remotos, como que um suporte, para estabilizar determinadas doutrinas, para as
quais o fenômeno, é sobrenatural...
e ao mesmo tempo um bode expiatório, para
provocar maior crença, medo (respeito) e granjear adeptos.
Antigamente e nem de
propósito, milagre referia-se a um estilo de teatro religioso onde se encenavam
histórias sobre a vida dos anjos. Eram muito populares na Idade Média, e
chegaram a fazer parte oficial dos rituais da Igreja Católica. No entanto e
dentro do contexto erigido, o milagre ainda é apelativo nos dias atuais,
sobretudo para a literatura.
Numa visão geral a palavra
milagre ou miráculo (do latim miraculum, do verbo mirare,
"maravilhar-se") é um acontecimento dito extraordinário que, à luz
dos sentidos e conhecimentos até então disponíveis, não possuindo explicação
científica ainda conhecida, dá-se de forma a sugerir uma violação das leis
naturais que regem os fenômenos ordinários.
Os teístas defendem que sua
realização é atribuída à onipotência divina, sendo considerado como um ato de
intervenção direta de Deus (ou deuses) no curso normal dos acontecimentos.
Geralmente os milagres têm, segundo esses, propósitos definidos, sendo o mais
comum o de beneficiar, por mérito moral e ou de fé, adeptos de determinada crença
em detrimento dos não adeptos, que permanecem sujeitos às leis regulares.
A ciência não acredita em
milagres até o momento corroborados; e a natureza rege-se, com base no que se
tem ciência ao menos até hoje, por leis naturais inexoráveis. Para a ciência,
caso afronte a realidade universal, a crença exacerbada em milagres pode,
inclusive, implicar riscos de morte ou mesmo fatalidades que, à luz dos fatos,
far-se-iam plenamente desnecessários.
Todos estes conceitos
demonstram que a verbalização e a forma como são visualizados, tem sempre o
cariz de interesses, que apenas servem para erigir, dúvidas e amontoar a
desacreditação dos valores da religiosidade e do conceito de um Deus plenamente
justo.
Deus não privilegia a
ninguém, é norma dizer; “agora resta-nos esperar por um milagre!”
O melhor será esperar,
porque o absurdo e a mesquinhice, ofuscam as mentes mais simples, levando-os a
pensar que a solução está nesta vida apenas, enganam-se, pois os que assim
pensam.
Muitos pensam na sua
ignorância, que Deus vai alterar as Leis humanas, que vai ser serviçal dos seus
interesses, como se Ele, fosse submisso ao egoísmo e orgulho, depois como não
resolvem as suas carências, revoltam-se contra Ele, tomando-o como injusto.
Isto apenas nos torna mais
pequeninos, porque tudo que nos acontece, abraça o axioma “onde existe uma
causa, existe um efeito”.
Quem iria entender se uns
fossem atendidos e outros não?! Jesus em sua mensagem nos disse; que Deus é bom
e justo e mais acrescentou que todos sem exceção poderiam remover as montanhas,
acaso tivessem fé do tamanho de uma mostarda?
A fé é o sustentáculo, o
amparo, a escora, isso até se compreende e pela força vital que ela projeta,
mas daí, a todas nossas rogativas serem atendidas vai uma enorme diferença,
porque o merecimento, a obra, a simplicidade do coração são fundamentais, para
cada um fazer vencer o seu milagre e esse passa pelo amor real e não casual.
Visão dos milagres
teologicamente, a Igreja, valoriza os milagres, pela sua origem sobrenatural e
pela incapacidade de serem explicados. Eles assimilaram essa situação de tal
maneira, que formulam blasfêmia para quem os vê esses fenômenos como da
Natureza, alegando tal como sendo um atentado contra a fé, tanto que muitos
foram excomungados e até queimados por não acreditar em milagres.
No livro A Gênese de Allan
Kardec Diz-se:
“Outro caráter do milagre é
o ser insólito, isolado, excepcional. Logo que um fenômeno se reproduz, quer
espontânea, quer voluntariamente, é que está submetido a uma lei e, desde
então, seja ou não seja conhecida à lei, já não pode haver milagres. À proporção
que a Ciência revelou novas leis, o círculo do maravilhoso se foi restringindo;
mas, como a Ciência ainda não explorara todo o vasto campo da Natureza, larga
parte dele ficou reservada para o maravilhoso.”
A Ciência, desterrada a
influência da material no maravilhoso e aproximou-se da espiritualidade, onde
descobriu o seu derradeiro abrigo. Revelando que a componente espiritual é uma
das energias vivas da Natureza, força que constantemente age em afluência com a
força material, o Espiritismo transporta a sua relação aos efeitos naturais os
que são sua proeminência, porque, todos os efeitos são sujeitos a leis. Se o
maravilhoso não existe, não há razão para existirem os milagres.
O Espiritismo, não faz
milagres, pois, vem, a seu turno, fazer o que cada ciência fez no seu
princípio: revelar novas leis e explicar, conseguintemente, os fenômenos
entendidos na jurisdição dessas leis.
Os fenômenos, é certo, se
prendem à existência dos Espíritos e à interferência deles no mundo corpóreo e
isso é, dizem, o em que consiste o sobrenatural.
Todo e qualquer Espírito
mais não é do que a alma sobrevivente ao corpo; não morre, ao passo que o corpo
é simples elementário e sujeito à eliminação. Sua vida, logo, é tão natural
depois, como durante a encarnação; esse é o que nos mostra a submissão às leis
que governam o princípio espiritual, como o corpo o está às que regem o
princípio material; mas, como estes dois princípios têm necessária afinidade,
como reage incansavelmente um sobre o outro, como da ação síncrona deles advém
o afluência e a eurritmia do conjunto, portanto a espiritualidade e a
materialidade são partes de um todo, tão natural uma como a outra, não sendo,
pois, a primeira uma exceção, uma irregularidade na ordem das coisas.
Na caminhada da sua
encarnação, o Espírito atua sobre a matéria como mediador do seu corpo fluídico
ou perispiritual, de idêntica forma quando ele não está encarnado.
Os atributos da eletricidade
antes de se conhecerem, eram vistos como fenômenos que passavam por prodigiosos
para algumas pessoas; desde que se tornou conhecida à causa, desapareceu o
maravilhoso. Perante os fenômenos espíritas, verificamos que não são mais
exceções das leis naturais, do que os fenômenos elétricos, acústicos, luminosos
e outros, que subsidiaram o fundamento a uma imensidade de crenças
supersticiosas.
Os fenômenos espíritas abrangem-nos
diferentes modos de revelação da alma ou Espírito, quer durante a encarnação,
quer no estado de erraticidade. É pelas manifestações que produz que a alma
revela sua existência, sobrevivência e sua individualidade; julga-se dela pelos
seus efeitos; sendo natural a causa, o efeito também o é. São esses efeitos que
constituem objeto especial das pesquisas e do estudo do Espiritismo, a fim de
chegar-se a um conhecimento tão completo quanto possível, assim da natureza e
dos atributos da alma, como das leis que regem o princípio espiritual.
Emergem, porém, ou não esses
fenômenos, da vontade, a causa primária é exatamente a mesma e não se afasta
uma linha das leis naturais. Os médiuns, portanto, nada absolutamente produzem
de sobrenaturais; por conseguinte, não fazem nenhum milagre. As próprias curas
inesperadas não são mais milagrosas, do que os outros efeitos, dado que
resultam da ação de um agente fluídico, que desempenha o papel de agente
terapêutico, cujas propriedades não deixam de ser naturais por terem sido
ignoradas até agora. É, pois, totalmente imprópria à antonomásia de taumaturgos
que a crítica ignorante dos princípios do Espiritismo deu a certos médiuns. A
qualificação de milagres emprestada, por comparação, a esta espécie de
fenômenos, somente pode induzir em equívoco sobre o verdadeiro caráter deles.
A ingerência de forças
ocultas nos fenômenos espíritas, não faz deles maiores milagres porque esses
seres invisíveis que colonizam o halo vivente fazem parte integrante e
incessante das forças Naturais, que normalmente partilham o mundo material,
tanto como o da humanidade moral.
O Espiritismo facilita a
aclaração de uma imensidade de coisas inexplicadas e incompreensíveis por
qualquer outro meio, daí terem passado por prodígios em épocas remotas. Tal
como o magnetismo, no qual se desarrolha uma lei, que no mínimo se não era
desconhecida, era incompreendida, não se conhecia o contexto da lei e isso
gerou a crendice. Sendo essa lei conhecida, desaparece o maravilhoso e todos os
fenômenos passam a ser de origem natural.
O Espiritismo repudia toda
reivindicação das coisas miraculosas, as leis existem, para explicá-los, mesmo
sabendo que existem enumeras habilitações da Lei ainda desconhecidas, leva-nos
o bom senso e a razão, a nutrir de análise constante cientifica, para tudo que
ainda possa gerar duvida.
Faz Deus milagres? Quanto
aos milagres literalmente ditos, Deus, a que nada lhe é impossível, pode
fazê-los. Pode-se pensar que Ele derroga as leis dele próprio? Quem somos nós
para julgar os seus atos, os seus atributos só por si só, dão a resposta concreta.
É lógico que em sua sabedoria eterna, nada faz que seja inútil, mas porque tem
um sentido reto e importante.
Não são essenciais os
milagres para a consagração de Deus, porque, como todos sabemos nada no
Universo se produz fora do âmbito das leis gerais.
Mas e a natureza de Jesus e
suas realizações, as ocorrências que o Evangelho narra e que foram até hoje
considerados miraculosas pertencem, na sua maioria, à ordem dos fenômenos
psíquicos, isto é, têm como causa primária as capacidades e as qualidades da
alma.
Jesus, o homem, tinha a
estrutura dos seres carnais; contudo, como Espírito puro, desligado da matéria,
vivia mais ligado à vida espiritual, do que a material. A sua autoridade com
relação aos homens não derivava das qualidades individuais do seu corpo, mas do
seu Espírito, A sua alma, naturalmente, estaria apenas presa tenuemente pelos
laços estritamente imprescindíveis. Constantemente liberta, ela decerto lhe
dava dupla vista, não só permanente como de excepcional acuidade e muito
superior à que de normal possuem os homens comuns. A qualidade dos fluidos que
emanava lhe atribuía imensurável forca magnética, apoiada pela incessável
apetência de fazer o bem.
Segundo definição dada por um Espírito, ele
era médium de Deus.
Ora tendo em conta isto, e
não querendo achar-me absoluto nas afirmações a minha intenção é, unicamente,
revelar que os fenômenos espíritas, por mais excepcionais que sejam de maneira
alguma revogam essas leis, que nenhum caráter tem de miraculosos, do mesmo modo
que não são maravilhosos, ou sobrenaturais.
Por
Victor Manuel Pereira de Passos
Fonte: http://www.aeradoespirito.net/ArtigosVP/
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