“As raposas têm tocas e as aves dos céus,
ninhos; mas o Filho do Homem
não tem onde reclinar a cabeça.” (Matheus, 8:20.)
Todas as correntes religiosas cristãs se
qualificam como seguidoras dos princípios morais e dos ensinamentos implantados
por Jesus. No entanto, ...
A maioria de seus adeptos não se dá ao trabalho
de conhecer os outros princípios religiosos que buscam Jesus. Assim, recebem as
informações incompletas, preconceituosas e destorcidas, ensinadas pelos
diversos dirigentes e responsáveis por suas religiões. No que concerne ao
Espiritismo, boa parte dos seus adeptos, embora aceitando os princípios da
Doutrina e acompanhando a sua literatura, principalmente a de origem mediúnica,
não se dedica ao estudo sistemático das obras básicas da Codificação e as que
lhe são complementares e subsidiárias. O preconceito é a ausência de conceito,
por isso o Mestre nos orienta, em João, 8:32, que busquemos a verdade, pois só
assim nos libertaremos.
Ao refletirmos sobre o conteúdo
do capítulo 8, versículo 20 do evangelho de Mateus, citado acima, encontramos
motivos para um balanço reflexivo ao longo da história. Este balanço passa pela
avaliação do que Jesus realmente pregou e do que se tem praticado, em seu nome,
ao longo desses dois mil anos.
Jesus demonstra neste versículo
como deveriam ser os seus seguidores: tomar como ensino fundamental que o reino
dele não é deste mundo e ter, antes de tudo, desprendimento e desinteresse
total por tudo o que é efêmero, principalmente os bens materiais.
Jesus não fundou igrejas ou
nenhum outro tipo de edificação com finalidade de prática religiosa. A sua
religião foi o amor caracterizado na simplicidade dos profundos ensinamentos,
no atendimento e assistência ao necessitado em qualquer lugar.
Segundo Mateus, “Jesus
percorria toda a Galiléia, ensinando em suas sinagogas, pregando o Evangelho do
Reino e curando toda e qualquer doença ou enfermidade do povo”.
A sua fama espalhou-se por toda
a Síria, de modo que lhe traziam todos os que eram acometidos por doenças
diversas e atormentados por enfermidades, bem como endemoninhados, lunáticos e
paralíticos. E Ele os curava. (Mt., 4:23 e 24.)
Observemos a sua maneira de
assistir e ajudar os sofredores e comparemos com o que praticam hoje, aqueles
que se intitulam seus seguidores. Será que estão seguindo e praticando
realmente as obras de Jesus? Podemos descobrir, sem muita dificuldade, o quanto
se encontram distantes do ensino do Mestre. O que chamam de religião é algo destoado
ao longo da história pela imposição de dogmas e conceitos que não sintonizam
com a mensagem do Evangelho do Mestre.
Muitas correntes religiosas
costumam afirmar que a Doutrina Espírita não é uma religião. Sabemos que no
aspecto característico constitucional, a Doutrina Espírita possui tríplice
aspecto: filosófico, científico e religioso. Por isso, o Espiritismo não é uma
religião constituída nos moldes da maioria das religiões dogmáticas e
ritualistas tradicionais. O seu aspecto religioso não possui hierarquia nem
dogmas. Não possui rituais nem sacerdotes, nem pastores, nem dízimos, nem
sacrifícios de animais, nem despachos, nem andores, nem cromoterapia, nem
amuletos, nem queima de incensos, nem velas ou qualquer outro tipo de simpatia
ou ritual.
O Espiritismo adota em sua
totalidade os ensinamentos de Jesus buscando-os em sua essência e unindo-os ao
“Fora da caridade não há salvação”, preconizado por Allan Kardec.
Quando analisamos as
recomendações de Jesus, o Cristo, no evangelho de Mateus, capítulo 25
versículos 34 a 36, sobre o “Juízo Final”, verificamos o quanto estes
ensinamentos são compatíveis com a Doutrina Espírita. “Vinde, benditos de meu
Pai, recebei por herança o Reino preparado para vós desde a fundação do mundo.
Pois tive fome e me destes de
comer. Tive sede e me destes de beber. Era forasteiro e me recolhestes.
Estive nu e me vestistes,
doente e me visitastes, preso e viestes me ver.”
Esta é a grande receita de
Jesus para os que querem segui-lo praticando os seus ensinamentos. A Doutrina
Espírita está perfeitamente sintonizada com estes conceitos e orientações de
Jesus na sua conduta de assistência aos necessitados do caminho. Através de
suas creches, hospitais, sanatórios, asilos, abrigos, distribuição de enxovais
e gêneros alimentícios, busca o Espiritismo a execução destas recomendações de
Jesus.
As orientações feitas por Ele
quando da escolha dos seus discípulos traz o verdadeiro roteiro a ser seguido:
“Curai os doentes, purificai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os
demônios. De graça recebestes, de graça dai.
Não leveis ouro, nem prata, nem
cobre nos vossos cintos, nem alforjes para o caminho, nem duas túnicas, nem
sandálias, nem cajado, pois o operário é digno do seu salário”. (Mt., 10:8-10.)
Estes versículos representam a
base do Cristianismo nascente. A essência prática e o entendimento destes
princípios parecem esquecidos nas estradas do tempo. A Doutrina Espírita chega
ao século XIX com o objetivo de ressuscitar estes conceitos de Jesus e lembrar
o que Ele deixou como roteiro para a prática do seu Evangelho. Está o
Espiritismo lado a lado com estes ensinamentos e solicita dos cristãos, de
todas as correntes religiosas, que se voltem para o resgate da mensagem
original de Jesus.
A receita é pura, simples,
cristalina e autêntica. Sem véus nem subterfúgios. Pois que Jesus deu o maior
exemplo nascendo em uma manjedoura e tendo como leito de morte uma cruz, além
de não ter, durante sua passagem entre nós, onde reclinar a cabeça.
Tudo que praticou foi de forma
singela, simples e amorosa. Chorou sobre Jerusalém por não poder juntar os seus
filhos e deixou para nós a responsabilidade de nos unirmos e praticar os seus
preceitos em essência e espiritualidade.
A Doutrina Espírita chega e nos
traz de volta a condição para ressuscitarmos a mensagem de Jesus. Trabalhemos,
pois, com ela e busquemos o resgate e a conquista do retorno à cristalinidade
da mensagem vivida por todos os que praticavam o Cristianismo Primitivo.
Sê conosco Jesus!
Por Severino Celestino da Silva
FONTE: http://www.doutrinaespirita.com.br
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