Todos possuem o que merecem? |
O
objetivo central da política é a obtenção do bem comum. O bem comum é “um conjunto de condições concretas que
permite a todos os membros de uma comunidade atingir um nível de vida à altura
da dignidade humana”. Esta dignidade refere-se tanto às coisas materiais
quanto às espirituais.
Depreende-se que todo o cidadão deve ter liberdade de
exercer uma profissão e aderir a qualquer culto religioso. Diz-se, também, que
almejar o bem comum é proporcionar a felicidade natural a todos os habitantes
de uma comunidade.
A
corrupção, ou seja, o pagamento de propina para obter vantagens, quer sejam de
ordem financeira ou tráfico de influência, deteriora a obtenção do bem comum,
pois algumas pessoas estão sendo lesadas para que outras obtenham vantagens.
Lembremo-nos de que “todo poder corrompe e todo poder absoluto corrompe
absolutamente”. Significa dizer que sempre teremos que conviver com algum tipo
de corrupção. Eticamente falando, o problema maior está no grau, no tamanho da
corrupção e não a corrupção em si mesma.
No
Brasil, estamos assistindo a uma enxurrada de denúncias, que vão desde o
chamado caixa 2 de campanha política, até a compra de votos para aprovar
projetos importantes na área governamental. O vídeo que mostra um funcionário
dos Correios recebendo propina foi o estopim da crise. De lá para cá as
denúncias não param. O deputado Roberto Jefferson, um dos acusados de comandar
a propina nos Correios, saiu distribuindo acusações para todos os lados, no
sentido de se defender do ocorrido.
Diante
deste fato, pergunta-se: que tipo de subsídio o Espiritismo nos fornece para a
compreensão dessa situação? Em O Evangelho Segundo o Espiritismo há alusão aos
escândalos. Primeiramente, Jesus nos fala dos escândalos e que estes deverão
vir, mas “Ai do mundo por causa dos
escândalos; pois é necessário que venham escândalos; mas, aí do homem por quem
o escândalo venha”. O escândalo significa mau exemplo, princípios falsos e
abuso do poder. Ele deve ser sempre considerado do lado positivo, ou seja, como
um estímulo para que o ser humano combata em si mesmo o orgulho, o egoísmo e a
vaidade.
Lembremo-nos
também da frase: “Ninguém há que, depois
de ter acendido uma candeia, a cubra com um vaso, ou a ponha debaixo da cama;
põe-na sobre o candeeiro, a fim de que os que entrem vejam a luz; - pois nada
há secreto que não haja de ser descoberto, nem nada oculto que não haja de ser
conhecido e de aparecer publicamente”. (S.
LUCAS, Cap. VIII, vv. 16 e 17.). A verdade, assim, não
pode ficar oculta para sempre. Deduz-se que aquele que não soube fazer esforços
para se pautar corretamente no bem, sofrerá as consequências de suas
ações.
O
Espiritismo auxiliará eficazmente as resoluções de ordem política, porque
propõe substituirmos os impulsos antigos do egoísmo pelos da fraternidade
universal. Allan Kardec propõe, em Obras Póstumas, o regime político que deverá
vigorar no futuro, ou seja, a aristocracia intelecto-moral. Aristocracia - do
grego aristos (melhor) e cracia (poder) significa poder dos melhores. Poder dos melhores pressupõe
que os governantes tenham dado uma direção moral às suas inteligências.
Somente
quando o poder da inteligência for banhado pelo poder moral e ético é que
conseguiremos atingir um mundo mais justo e mais de acordo com o bem comum,
pois os que governam propiciarão sob todos os meios possíveis a felicidade da
maioria.
Por Sérgio Biagi
Gregório
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