Cada um sabe o que faz! Será? |
A
criatura humana, pela sua procedência espiritual, está equipada de recursos que
lhe facultam a crença natural na imortalidade da alma.
Nela
predomina o atavismo da fé espontânea, que lhe constitui recurso iluminativo,
provendo-lhe de ânimo para a resistência a quaisquer adversidades e
infortúnios, por sentir que a existência corporal é, sem dúvida, uma
experiência educacional e não a realidade em toda a sua exuberância.
No
entanto, à medida que envereda pelos meandros do comportamento conflitivo,
elabora mecanismos de resistências contra a sobrevivência, em inquietantes
tentativas de aniquilar a vida, como, se dessa forma, se pudesse evadir por
definitivo do sofrimento e das frustrações. Inconscientemente, rebela-se contra
os impositivos da evolução, e, guindando-se ao prazer, gostaria que as
sensações tivessem uma duração indefinida, longe de responsabilidades e
esforços. Nesse momento, predominam-lhe as sensações e deixa-se iludir pelas
falsas alegrias que desfruta. Toda a historiografia da vida é formada na
evidência da imortalidade da alma, que sempre se tem feito presente em todos os
fastos do pensamento, nos diferentes povos e épocas transatas. Apesar disso, o
desejo do aniquilamento, para fugir dos defeitos dos atos, despertam-lhe um
sentimento utópico de negação com o qual se debate nos variados sistemas que
cria, para sustentar o conceito estranho do aniquilamento da vida.
Compreende-se
que indivíduos de formação acadêmica, trabalhados pelos fatos palpáveis dos
seus laboratórios, invistam na consumpção do ser, quando cessam os fenômenos
biológicos, procurando ignorar, por sistema e hábito, a premissa do espírito
como ser causal, anterior ao corpo e a ele sobrevivente. Todavia, quando
religiosos buscam apoio em doutrinas de investigação parapsicológica, chegando
a conclusões excludentes da interferência dos seres espirituais na vida, essa
conduta surpreendente é, pelo menos, esdrúxula, porque pregando a imortalidade
com apoio na teologia da sua fé, recusam-se a aceitar os fatos que a comprovam,
procurando explicações materialistas para todos os fenômenos paranormais, sem
se concederem a possibilidade daqueles de natureza mediúnica.
Esse
comportamento disfarça os conflitos que pairam nas suas mentes e as profundas
frustrações que lhes assinalam a existência que lhes parece inútil, já que
direcionada para doutrinas que lhes não enriqueceram o coração, nem
harmonizaram as aspirações da inteligência com as propostas dos sentimentos.
Assim
também procedem as pessoas que se dizem vinculadas a doutrinas espiritualistas,
assinaladas pela razão, que tiveram oportunidade de investigar os fenômenos
paranormais e concluíram pela presença dos seres espirituais, no entanto, agem
como se o corpo lhes fosse o único bem de que dispõem, permitindo-se
extravagâncias e excentricidades, quando não se entregam ao uso desordenado dos
recursos do prazer, que os consomem. Além disso, quando não se permitem os
mecanismos de autodestruição, agem contrariamente aos postulados imortalistas,
que trabalham o caráter do ser dulcificando-o, desenvolvendo lhe os sentimentos
superiores da tolerância, da compreensão das dificuldades e limites das outras
pessoas. Têm, esses que assim se conduzem, atitudes arrogantes, prepotentes,
exibicionistas, agindo, sempre que possível, de forma contrária aos cânones
espirituais de elevação. Mesmo quando se dedicam ao trabalho de transformação
moral para melhor, impõem sua forma de ser, estabelecendo normas que seguem,
certamente, mas que desejam transformarem método de comportamento para os
demais.
É
sempre estranhável o comportamento do indivíduo que se diz espiritualista em
geral ou espírita em particular, quando extrapola os limites do respeito aos
direitos alheios, ou se torna fiscal impiedoso do seu próximo.
A
visão da imortalidade trabalha o íntimo do indivíduo, ensejando-lhe a superação
dos instintos primitivos que o agrilhoam à inferioridade, promovendo-o a degraus
mais elevados na escala do progresso.
A
certeza da transitoriedade orgânica faculta uma preparação continua para a vida
futura, auxiliando no desapego dos bens do mundo, mas também dos tesouros do
orgulho e das vaidades de toda ordem, que cedem lugar à humildade de
reconhecer-se como aprendiz da vida em constante aprimoramento.
A
descrença tem as suas vantagens que se caracterizam pela acomodação à
indiferença pelo esforço de tornar-se melhor em conhecimento, em sentimento,
deixando-se arrastar pela revolta contra os Códigos da Vida e encharcando-se de
pessimismo, quando não de agressividade. A morte, porém, no seu périplo de
visitar todos os seres, sempre chega e arrebata, convidando, então, às tardias
reflexões entre revoltas e desesperos que se anestesiam nas futuras
reencarnações silenciosas do sofrimento. São assim tratados todos aqueles que
da vida, somente esperam recompensas e tripudiam sobre os elevados sistemas de
preservação dos valores espirituais. Agindo insensatamente, embora as advertências
que lhes chegam de todo lado, estabelecem os ditames do porvir, a eles
submetendo-se para aprender a progredir, já que, incursos no programa da
imortalidade, não se podem evadir de si mesmos nem do infinito curso da
evolução.
Merece
ainda anotação, o comportamento particular das pessoas que apelam para a
negação, quando indagam: - Consideremos que haja um processo de evolução. E
quando se atinge esse estado, que se passa a fazer; que acontece?
Acostumadas
a tudo definir, a tudo limitar, pretendem de um golpe alcançar a finalidade
máxima da vida e entender o que seja perfeição nos parâmetros dos seus
particulares conceitos de finalismo, de gozo, de realização interior.
Adaptadas
ao imediatismo da sensação, encontram-se distantes do significado da harmonia
em considerando-se que os seus objetivos são tormentosos momentos de exaustão
pelos sentidos, não possuindo sensibilidade para detectar as emoções superiores
do êxtase, da elevação psíquica, das paisagens imateriais dos mundos
transcendentes, onde não existem a dor a frustração, a morte, as ausências...
Todos
aqueles que se propõe sempre a negar a imortalidade da alma, procurando
demonstrar que a vida material sintetiza a realidade do existir; enfrentarão,
naturalmente, o próprio despertar além das sombras angustiantes dos processos
de fixação perturbadora, a que se deixaram conduzir.
Poderoso,
inevitável, o tempo acompanha o deperecimento de tudo e de todos, as suas
transformações, decadências, glórias e vicissitudes, até o momento da morte,
quando abre os painéis da vida exuberante, inalienável, propondo novos
cometimentos e realizações futuras, em nome da Harmonia, da Beleza que
predominam no Universo.
Por Vianna de Carvalho
(espírito)
FONTE: http://www.oespiritismo.com.br
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