Artigos Espíritas

Como elaborar artigos espíritas
Por Carlos Pereira

Há, de uma maneira geral, uma certa dificuldade dos espíritas em escreverem artigos. Acreditam ser mais simples falar sobre Espiritismo, mas ressentem-se em escrever sobre a doutrina. O drama aumenta quando se solicita que sejam redigidos artigos para o público não espírita. A linguagem de um difere do outro porque o espírita, sendo um iniciado, já possui conhecimentos prévios de daí alguns termos e raciocínios podem ser utilizados sem preocupação. Para o leigo, no entanto, o enfoque deve ser diferente.
Termos como perispírito, erraticidade, psicografia e assim por diante só devem ser colocados com a devida explicação. Os princípios básicos da Doutrina Espírita como re-encarnação, mediunidade, obsessão, lei do progresso ou lei de causa e efeito, por exemplo, são enunciados aceitos por nós espíritas, mas não necessariamente pelo não espírita, daí importa a utilização de argumentos lógicos e consistentes de convencimento. Algumas abordagens que possam parecer pretensiosas como “ser o Espiritismo a terceira revelação de Deus para os homens” ou “o Espiritismo é o futuro das religiões” devem ser evitadas. Outro aspecto é verificar o que é relevante para ser dito externamente. Há assuntos que são domínio interno do movimento espírita e não interessam estar em jornais de circulação ampla.
Quanto à definição do tema é interessante se perguntar: o que as pessoas gostariam de saber sobre Espiritismo? Perceba que os noticiários dos jornais, das revistas e da televisão fornecem uma excelente matéria prima para a escolha de um mote para escrever. Afinal, é a Doutrina Espírita que possibilita a leitura espiritual dos fatos. Mostrar o outro lado da notícia gera uma ótima expectativa do público e torna o Espiritismo contemporâneo, atual.
Neste sentido, o título do artigo deve ser sugestivo, precisa despertar a curiosidade para a leitura. De preferênica sintético, de rápida visualização e compreensão.
O artigo deve primar pela objetividade, clareza e lucidez de conteúdo. Nada de rebuscamentos, palavras difícieis e construções longas e cansativas. Lembre-se que uma característica dos espíritos superiores é a sua capacidade de falar muito com poucas palavras. Comece, portanto, a exercitar seu lado de espírito evoluído, pois ninguém nasceu com a sabedoria da redação perfeita, que é um talento desenvolvido de outras existências como todos os outros.
Consulte, se for necessário, livros de reconhecida coerência doutrinária para evitar qualquer deslize de conteúdo. Submeta o artigo à crítica dos outros e tenha humildade para acatar o retorno das impressões e aperfeiçoá-lo quantas vezes precisar. Quem está fora do contexto de produção literária tem sempre uma percepção privilegiada ao contrário da pessoa que está envolvida intelectual e emocionalmente. O bom artigo é sempre um produto inacabado por melhor que ele se apresente.
Recorra ao dicionário ou a um livro de gramática se tiver dúvidas, não confie na memória. O artigo é você numa folha de papel que será analisado por todos que tiverem acesso a ele.
Não se furte de pedir a inspiração dos seus amigos espirituais, eles existem para lhe auxiliar também nestas horas, o que facilitará, sobremaneira, o desenvolvimento das ideias. Ideias estas que devem formar um corpo único com começo, meio e fim. É recomendável não deixar perguntas no ar ou raciocínios inacabados, embora o bom artigo seja aquele em que o leitor diga no final: “já acabou?”
Acabou. Até outra!

Transcrito do “ADE-PE Informe” de 1999.

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