Breves reflexões sobre a morte! |
A
principal surpresa do indivíduo ao se defrontar com a experiência da morte é a
de que continua vivo. A morte não existe. Acreditar na imortalidade espiritual
implica em modificar por completo os padrões de vida quando comparados com o
perfil do materialista, que não crê em nada além da morte.
Aquele
que imagina o fim absoluto ao término da existência física não tem razão alguma
para ser uma boa pessoa, ajudar o outro, ser honesto, solidário, caridoso. Tudo
deixará de existir mesmo; então, para que considerar a ética e os valores
defendidos pelos moralistas?
No
entanto, quando admitimos a continuidade existencial após o sepulcro, somos
naturalmente impelidos a adotar mínimas providências para considerar como
ficará nossa situação do outro lado da vida. As concepções religiosas acerca do
assunto são variadas e, às vezes, conflitantes. Porém, essa é a razão da
existência de diversas religiões, pois cada uma explica à sua maneira como
ficará a alma após a morte do corpo físico. Céu, inferno, purgatório, sono eterno,
espera de julgamento são opções tradicionais que as doutrinas dogmáticas
ofertam a seus profitentes. O Espiritismo tem mais a oferecer.
A
vida futura contém a explicação para o entendimento da mensagem de Jesus. Sem a
perspectiva do porvir, ficamos limitados a estreitos horizontes que nos impedem
de ampliar a visão para entendimento mais aprofundado do verdadeiro significado
da vida, em sua expressão de imortalidade. Um amigo comentava ainda outro dia:
“o maior patrimônio que Deus ofereceu ao homem foi conferir-lhe o dom de ser
imortal”. Essa condição é inerente à nossa natureza. Portanto, não há como
excluí-la, por mais que alguém tenha esse propósito. Nem nós mesmos conseguimos
eliminar a essência divina que guardamos na intimidade do ser, pois reconhecer
a paternidade de Deus implica assumir a postura de filhos. Entretanto, por mais
que tenhamos a ideia de nossa imortalidade, a experiência da morte física é
algo que ainda nos causa estranheza, surpresa e, por que não dizer, em algumas
situações, mal-estar?!
Nascemos,
morremos, renascemos inúmeras vezes, e continuamos nos acertos e desacertos das
provas e expiações, repetindo lições não aprendidas, indo e vindo e tornando a
voltar… E a morte, ainda nos causando enorme impacto! Quando observamos e acompanhamos
entes queridos, familiares ou amigos próximos, despedindo-se da vida
impermanente e acessando o portal da realidade imorredoura, é quase inevitável
refletirmos sobre a transitoriedade da existência passageira e a importância da
vida perene.
É
indispensável que tais reflexões se manifestem enquanto estivermos a caminho,
do lado de cá. E o Espiritismo concede-nos essa extraordinária oportunidade,
por nos oferecer os elementos indispensáveis para que pensemos mais amplamente,
entendendo a essência da vida no antes e depois da breve passagem pela vida
material.
Do
outro lado da vida não há milagres. E a morte não nos transformará num “passe
de mágica”. A situação a ser encontrada por lá é exatamente a que estamos
construindo aqui neste momento. Por isso, não percamos tempo em dúvidas e
questionamentos desnecessários; esforcemo-nos por praticar a lei de justiça,
amor e caridade em sua essência e plenitude. Isso sim é que fará a diferença
fundamental entre a felicidade ou infelicidade no grande amanhã que aguarda a
todos nós.
Por Allan Kardec
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