Dom que todos possuem, mais poucos usam. |
Qual ocorre com qualquer faculdade orgânica ou intelecto-moral, a mediunidade, desvestida de mitos e tabus, exige cuidados especiais e competente educação.
Possivelmente, requer maior soma de zelos e atenções – por proceder do espírito -, portadora de requisitos especiais e cuja finalidade elevada impõe providências específicas.
Possuidora de um campo de ação muito vasto, expande-se na razão direta em que é exercitada com disciplina, quão se apequena e desaparece quando deixada ao abandono, podendo, não raro, transformar-se em veículo de perturbação e prejuízo.
Instrumento programado para o serviço de amor e do esclarecimento da criatura humana, e, pois, consequentemente, da Humanidade, faculta o intercâmbio com os seres espirituais que comprovam a sua sobrevivência à morte, fazendo identificar-se, sem margem a dúvidas, propiciando uma revolução ético-comportamental relevante e demonstrando a legitimidade de todas as crenças religiosas no que tange ao futuro espiritual das criaturas.
Por essa mesma razão, a fim de que possa atingir os objetivos nobres para os quais existe, necessita de atenções contínuas, desde a conduta moral do homem que a possui até aos recursos que lhe devem ser aplicados, no que diz respeito ao estudo do seu mecanismo, tanto quanto da sua educação e flexibilidade.
Certamente, pode apresentar-se espontânea e generalizada em pessoas boas e más, cultas ou ignorantes, por ser, também, de natureza orgânica, todavia, para tornar-se digna de crédito e respeito, faz-se credora de compreensível educação, graças à qual se lhe desdobram as possibilidades que dormem inatas aguardando ensejo para manifestar-se.
A mediunidade é um compromisso grave para o indivíduo, que responderá à consciência pelo uso que lhe conferir, como sucede com as qualidades morais que o credenciam à felicidade ou à desdita, como decorrência da aplicação dos seus valores.
Despida de atavios e de crendices, a faculdade mediúnica propicia imensa área de serviço iluminativo, conclamando pessoas sérias e interessadas à conscientização dos objetivos da vida.
A proliferação de médiuns e a multiplicação de células dedicadas ao exercício das forças mediúnicas têm tornado comuns a aceitação da faculdade, e uma certa faixa de simpatia ora a envolve, permitindo, por outro lado, que a vacuidade e a vulgarização trabalhem em prejuízo dos fins e meios de aplicação de que se reveste.
Lentamente, a modéstia e a humildade, a discrição e a simplicidade dos médiuns, o recolhimento e o trabalho incessante vão cedendo lugar ao estrelismo e às disputas estéreis por promoção de nomes pessoais e de Entidades, num campeonato de insensatez lamentável sob todos os aspectos considerados.
A pressa pela divulgação pessoal, em detrimento do zelo pelo conteúdo das mensagens, vem transformando núcleos de atividades mediúnicas em palco de exibição, em veículos para atendimento de interesses escusos, de simonia, de frivolidade...
Os Espíritos Nobres não se submetem aos caprichos dos médiuns e pessoas frívolas, interessadas nos jogos vazios de personalismo perturbador, cedendo estes lugar aos vulgares e irresponsáveis quais eles mesmos, realizando fenômenos de sintonia que os candidatam a obsessões sutis, a princípio, a caminho de lamentáveis processos irreversíveis e dolorosos...
Nenhum médium é, em consequência, perfeito e irretocável, isento de influenciação dos maus espíritos como dos perturbadores que povoam a Erraticidade e lhes constituem provas ao orgulho e à vaidade, demonstrando a fragilidade humana que é inerente à qualidade de ser falível em processo de evolução na Terra.
O exercício consciente e cuidadoso, enobrecido e dirigido para o bem proporciona ao médium os tesouros da alegria interior que decorrem da convivência salutar com os Guias Espirituais interessados no seu progresso e realização.
Da mesma forma, experimenta crescer o círculo de afetividade além das fronteiras físicas, pelo fato de os Espíritos que com ele se comunicam envolverem-no em carinhosa proteção, aumentando o número de Entidades que se lhe tornam simpáticas e agradecidas pelo ministério desenvolvido.
A educação das forças mediúnicas é de demorado curso, porquanto, à medida que a sensibilidade se apura mais se amplia a capacidade de registro e de percepção extrafísica.
O médium, desse modo, responsável, no desdobramento das atividades a que se dedica, no setor em que se especializa, vai-se despojando dos grilhões terrenos e projetando-se na direção da Vida Imortal, superando os limites orgânicos e vendo crescer os horizontes iluminados do Mundo Maior que o fascina e enternece.
A mediunidade, portanto, em breve, na Terra, facultará aos homens a visão segura da sua imortalidade, proporcionando-lhe encarar a morte e o seu destino com naturalidade e paz.
Oxalá, próximos estejam esses dias e saibamos, Espíritos e homens, utilizar-nos corretamente da divina concessão, mediante cujo uso, nos tornaremos uma só família, que já o somos, embora aparentemente separados pela cortina vibratória do corpo físico.
Por Vianna de Carvalho
FONTE: https://fems.org.br
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