Médiuns cultuados é um problema? |
A frase de João Batista em 3:30: “É necessário que Ele cresça, e que eu diminua” tem atualidade no comportamento dos médiuns em todas as épocas, especialmente, em nossos dias tumultuados.
À semelhança do preparador das veredas, o médium
deve diminuir, na razão direta em que o serviço cresça, controlando o
personalismo, a fim de que os objetivos a que se entrega assumam o lugar que
lhes cabe. A mediunidade é faculdade neutra, a que os valores morais do seu possuidor
oferecem qualificação.
Posta a serviço do sensacionalismo entorpece os
centros de registro e decompõe-se, igualmente, em razão do uso desgovernado a
que vai submetida, passa ao comando de Entidades, perversas e frívolas, que se
comprazem em comprometer o invigilante, levando-o a estados de desequilíbrio
como de ridículo, por fim, ao largo do tempo, empurrando-a para lamentáveis
obsessões.
Entre os gravames que a mediunidade enfrenta, a
vaidade e o personalismo do homem adquirem posição de relevo, desviando-o do
rumo traçado, conduzindo-o ao sensacionalismo inquietante e consumidor.
Neste caso, o recolhimento, a serenidade e o
equilíbrio que devem caracterizar o comportamento psíquico do médium cedem
lugar à inquietação, à ansiedade, aos movimentos irregulares das atrações
externas, passando a sofrer de irritação, de devaneios, e à crença de que
repentinamente se tornou pessoa especial, irreprochável, não tendo ouvidos para
a sensatez nem discernimento para a equidade. Torna-se absorvido pelos pensamentos da vanglória, e, disputado pelos
irresponsáveis que lhe incensam o orgulho, levam-no à lenta alucinação, que o
atira ao abismo da loucura.
A faculdade mediúnica é transitória como outra qualquer, devendo ser preservada mediante o esforço moral do seu possuidor,
assim tomando-se simpático aos Bons Espíritos que o inspiram à humildade, à
renúncia, à abnegação.
Quando o personalismo sensacionalista domine o
psiquismo do homem, naturalmente que o aturde, tornando-se mais grave nos
sensores mediúnicos cuja constituição delicada se desarticula ao impacto dos
choques vibratórios dos indivíduos desajustados e das massas esfaimadas,
Insaciadas, sempre à cata de novidades e variações, sem assumirem compromissos
dignificantes.
São João Bosco, portador de excelentes
faculdades mediúnicas, resguardava-as da curiosidade popular, utilizando-as com
discrição nas finalidades superiores.
Santa Brígida, da Suécia, que possuía variadas expressões mediúnicas, mantinha o pudor da humildade, ao narrar os fenômenos
de que se fazia objeto.
José de Anchieta, médium admirável e curador
eficiente, agia com equilíbrio cristão, buscando sempre transferir para Jesus
os resultados das suas ações positivas.
São Pedro de Alcântara, virtuoso e médium possuidor de “vários dons”, ocultava-os, a fim de servir, apagado, enquanto o Senhor,
por seu intermédio, se engrandecia.
Santa Clara de Montefalco procurava não
despertar curiosidade para os fenômenos mediúnicos de que era instrumento,
atribuindo-os todos à graça divina de que se reconhecia sem merecimento.
Os médiuns, que cooperaram na Codificação do
Espiritismo, sensatamente anularam-se, a fim de que a Doutrina fixasse nas
almas e vidas as bases da verdade e do amor como formas para a aquisição dos
valores espirituais libertadores.
Todo sensacionalismo altera a face do fato e
adultera-lhe o conteúdo. Quando este se expressa no fenômeno mediúnico
corrompe-o, descaracteriza-o e põe-no a serviço da frivolidade.
Todos quantos se permitiram, na mediunidade, o
engano do sensacionalismo, não obstante as justificações sob as quais se
resguardam, desceram as rampas do fracasso, enganados e enganando aqueles que
se deixaram fascinar pelos seus espetáculos, nos quais, o ridículo passou a
figurar.
O tempo, este lutador incessante, encarrega-se
de aferir os valores e demonstrar que a “árvore que o Pai não plantou” termina
por ser arrancada.
Quando tais aficionados da mediunidade bulhenta
se derem conta do erro, caso isto venha a acontecer, na Terra, possivelmente, o
caminho do retorno à sensatez estará muito longo e o sacrifício para
percorrê-lo os desencorajará.
Diante do sensacionalismo mediúnico,
recordemo-nos de Jesus, que após os admiráveis fenômenos de socorro às massas
jamais aceitava o aplauso, as homenagens e gratulações dos beneficiários,
recolhendo-se à solidão para, no silêncio, orar, louvando e agradecendo ao Pai,
a Eterna Fonte geradora do Bem.
Por Vianna de Carvalho
“O Espiritismo é toda uma Ciência, toda uma Filosofia. Quem
desejar conhece-lo seriamente deve pois, como primeira condição, submeter-se a
um estudo sério e persuadir-se de que, mais do que qualquer outra ciência, não
se pode aprendê-lo brincando.” – Allan Kardec
FONTE:
www.caminhosluz.com.br
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