A páscoa na visão espírita

Renascer para a verdadeira vida.
A Páscoa na visão espírita desde o judaísmo antigo até as raízes cristãs. Para atendermos a necessidade de falar sobre a Páscoa na visão espírita, citaremos a fala do ilustre orador espírita Haroldo Dutra, em entrevista ao canal Pozati Filmes, no YouTube.




Haroldo Dutra — Nós estamos nos aproximando de uma grande celebração cujas raízes repousam no judaísmo, mas que foram absorvidas pelo mundo cristão; pelo cristianismo e depois, de certo modo, deturpada e se transformada na celebração atual da Páscoa, com seus coelhinhos com seus ovos da páscoa e com uma festa que quase não guarda nenhuma relação com a Páscoa genuína.

O que é então a Páscoa? A Páscoa era uma celebração Judaica do momento em que o povo foi libertado da escravidão no Egito.

É importante salientar que, quando nós falamos de Páscoa, nós estamos no universo que é o da religiosidade. Nós estamos no mundo religioso e, no universo da religiosidade, nós lidamos com símbolos, com metáforas… e porque isso?

Porque a religiosidade tem a ver com sentimento.

E religiosidade tem a ver com uma experiência pessoal; com experiência que a criatura faz de Deus, quando ela experimenta Deus, como ela experimenta a vida, como ela experimenta a si mesma diante da vida e diante de Deus.

É óbvio que é impossível traduzir uma experiência tão subjetiva, tão espiritualmente rica com a linguagem da ciência, que é uma linguagem matemática, uma linguagem analítica; ou com a linguagem da filosofia, que é uma linguagem especulativa cheia de um vocabulário complexo e às vezes até prolixa.

Por essa razão, a religiosidade opta pela linguagem da metáfora, que é quase uma linguagem dos sonhos, uma linguagem onírica e, portanto, a Páscoa tem muito dessa simbologia onírica dos sonhos.

Entendendo o significado da Páscoa:
Para o Espiritismo a partir das origens judaicas.

Nesse trecho Haroldo Dutra fala do verdadeiro significado da páscoa segundo o Espiritismo, mas enfatiza as origens judaicas, para que mais tarde fique claro o significado dessa comemoração na era cristã.

Haroldo Dutra — O que diz a Páscoa? [diz que] o povo hebreu estava escravo há 400 anos no Egito. O Egito foi invadido, então, por um anjo da morte, mas naquelas casas que tivessem uma marca de um sangue do cordeiro, o Anjo pularia aquela casa…

Como verbo pular em hebraico é “passach (pas-sac)”, daí vem “Páscoa”. A Páscoa, então, é o “pulo do anjo”; o pulo que ele dá nas casas que tem a marca do cordeiro. E que, portanto, foram poupados da tragédia de perderem o filho mais velho da casa. Essa é a simbologia.

Por que o cordeiro?
Na celebração da páscoa Judaica, o cordeiro ficava uma semana com a família e ele ficava dentro de casa. Ali as crianças brincavam com bichinho, criavam uma relação de afeto com ele. Daí há uma semana o animalzinho era quase que um membro da família, então ao entardecer da sexta-feira toda a família se reunia e o animal era sacrificado.

E tinha que ser assim porque se alimentar do cordeiro da páscoa precisava ser uma experiência de dor! É a experiência da perda de alguém amado. Então, a Páscoa tem a ver com essa experiência espiritual, a experiência da libertação espiritual, mas que é uma experiência de desilusão. E você não se desilude sem perder, por isso o choque do cordeirinho sendo sacrificado.

A Páscoa na visão espírita:
E a perda da presença física de Jesus.

Nesse último trecho, Haroldo Dutra fala sobre o significado da páscoa para o Espiritismo e para todas as religiões cristãs.

Haroldo Dutra — Com a vinda de Jesus, o que é que ele faz? Ele convive com 3 anos com seus discípulos; cura cegos, cura paralíticos, janta todo dia na casinha de Simão Pedro… cura até mesmo a sogra de Simão Pedro que morava com ele…

Trabalha com eles, acorda cedinho e vai pescar com eles até o entardecer, convive com eles diariamente… participa das suas dores e sofre com as imperfeições de cada um deles…

E no momento final dos três anos, reúne os doze e diz assim para eles: “vocês vão me perder, eu estou agora me despedindo de vocês porque eu vou deixar o mundo corpóreo para voltar ao incorpóreo e vocês vão experimentar uma tremenda tristeza, uma profunda dor porque vocês criaram uma conexão emocional comigo.

Eu não chamo vocês mais de servos, eu chamo vocês de amigos, porque tudo que eu aprendi e compartilhei com vocês… eu amei vocês da maneira maior que eu poderia amar…

Eu amei tanto que você, Pedro, que vai me negar, vai me trair, mas eu continuo te amando… nada vai alterar o meu amor por você!

Eu amo tanto você, Judas, mesmo sabendo que você vai me trair… eu não estou te expulsando, eu estou comendo com você, e eu te perdoo!

Mas eu irei embora! E vocês vão viver a maior experiência de solidão e de ascensão espiritual das suas vidas. Mas o que eu posso prometer é que do mundo espiritual estarei junto com vocês.

Vou ampará-los em todas as suas atividades, estarei eu mesmo do mundo espiritual comandando a expansão do cristianismo, portanto, essa crise da morte é apenas um portal para a imortalidade porque a vida não cessa no túmulo.

E toda vez que vocês se sentirem solitários, toda vez que vocês sentirem falta da minha amizade, do meu amor, da minha dedicação, da minha presença… vocês vão se reunir vão celebrar a Páscoa em minha memória, em memória da minha amizade, em memória do meu amor e sobretudo em memória da libertação de que eu sou mensageiro”.

Porquê Jesus veio libertar o homem da escravidão da matéria, da escravidão dos sentidos.

Páscoa e Espiritismo:
A libertação da matéria proposta pela páscoa.

Haroldo Dutra — Egito em hebraico chama-se “Mizraim”, que em hebraico quer dizer “estreiteza, prisão” … a matéria é opressora, os sentidos físicos são estreitos, a mensagem de Jesus é Libertadora que ela vem trazer um amor incondicional um amor que ama independente dele, portanto, é um amor que liberta.

Então, Ele recomenda: celebrem a Páscoa para celebrar o amor; para celebrar a minha dedicação e para celebrar a imortalidade da alma; a vida espiritual.

Mas infelizmente os séculos passaram e nós transformamos a Páscoa em coelhos e ovinhos coloridos de chocolate, apagando completamente a dimensão espiritual e a experiência religiosa que a Páscoa propõe, que é uma experiência de Deus. É uma experiência de amar e de se sentir amado, não importam as circunstâncias.

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