DILÚVIO DE LIVROS
“ESPÍRITAS” DELIRANTES
Como (re)agir diante dos livros
antidoutrinários, supostamente “mediúnicos”, que invadem as instituições
espíritas, colonizando turbas de ingênuos adeptos?
Há pseudomédiuns, sem qualquer
compromisso com o Espiritismo, que agem quais livres atiradores, e
paradoxalmente “suas obras são vendidas nos Centros Espíritas, porque vendem
muito, mas o tempo que se consome lendo seus livros é um desvio do tempo de aprendizagem
da Doutrina Espírita.”
Possivelmente seja perda de
tempo acercar-nos desse cansativo tema. Todavia, acreditamos que sob o pálio do
velho adágio “cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém”, a questão
pode ser abordada de forma menos complicada. Antes, porém, reafirmamos tudo o
que já registramos muitas vezes na imprensa: os livros insalubres não devem ser
comercializados nas livrarias de uma instituição espírita! Nem mesmo em nome da
surrada cantilena “liberdade de expressão”. “Não faz nenhum sentido as
instituições continuarem comprando essa literatura [infausta]. Deveriam fazer a
barreira de obstrução mesmo sem brigar com ninguém, até porque somos espíritas
e é urgente saber o que é um livro genuinamente espírita.”
Raul Teixeira explana o
seguinte: “quanto mais descomprometido com a Doutrina Espírita é o ‘livrinho’
ou o ‘romancinho’, mais o povo gosta. Somos responsáveis por essa chuva de lodo
sobre a nossa literatura espírita que dá lucros exorbitantes. Muitos clubes do
livro [com honrosas ressalvas] não respeitam a Doutrina Espírita e normalmente
colocam mensalmente um livrinho “baratinho” para cobrar mais caro e terem altos
lucros sobre os seus assinantes.”
Atualmente são vendidos a rodo
esses destroços literários. “É preciso frear a entrada dessas obras nas
instituições. Que os editores vendam onde quiserem, menos no centro espírita. É
muito importante os espíritas assumirem posição. Nunca será falta de caridade
denunciar o mal. Falta de caridade é nossa omissão ante a disseminação do mal
através dos livros. Não podemos entrar na falácia de que o mal é querer o bem.”
Há obstinados gênios das trevas
divulgando “pérolas azuis” do tipo “o mundo espiritual é uma cópia do mundo
físico e não o contrário”; “a mulher desencarnada sofre fluxos menstruais”; “os
Espíritos vão ao banheiro e dão descarga”, “instrutor espiritual conta piadas
pornográficas”, “mentor descreve com minúcias as curvas sensuais de jovem
desencarnada”, “mentor endossa o aborto de anencéfalos”. É chocante! Nessa
invasão “mediúnica” enunciam “que existem relacionamentos sexuais para
promoção de ‘reencarnação’ no Além”. Ah!, por falar em reencarnação, tais
livros revelam as várias “reencarnações” de Allan Kardec, culminando por
encontrar o mestre de Lyon imerso num corpo (re)nascido em Pedro
Leopoldo. Seria patético se não fosse burlesco, ou o avesso?! Seria
cômico se não fosse é trágico.
Garante tal literatura que “as
pretas e pretos velhos, caboclos e correlatos, são entronizados como mentores
de instituições espíritas.” Óbvio que as tradições das práticas mediúnicas
africanas e ameríndias não padecem de discriminação entre os espíritas
estudiosos, nem avaliamos os Espíritos de índios e negros, de todo, involuídos,
todavia, ignorantes. Sim! Porque se fossem mais conscientes ou se não fossem
ignorantes, não algemariam a mente em atavismos de personagens do pretérito.
Estamos diante de delírio e de extrema fascinação no movimento espírita
doutrinário.
Os dirigentes não utilizam de
forma criteriosa as barreiras para seleção doutrinária dos livros expostos ao
público! Afirma Divaldo Franco que “o pudor em torno do Índex
Expurgatorius da Igreja Romana tem levado muitos líderes a uma tolerância
conivente [contemporização].”
As instituições espíritas
[inclusive algumas federativas], “por interesse puramente comercial, vendem
quaisquer livros “psicografados”, de autoajuda, de esoterismo, de outras
doutrinas, quando deveriam preocupar-se em divulgar as obras do Espiritismo,
tendo um critério de lógica.”
Temos observado que sob o
lábaro da “liberdade cultural” há os que pugnam pelo não expurgo dos livros
antidoutrinários nas prateleiras das nossas bibliotecas espíritas, desde que
haja na página inicial dessas obras (avaliadas como lesivas ao programa da
Codificação), sumários de análise e sugestão para a leitura de obras com
contextos adversos. Interessante esse método, sem dúvida, mas cremos que o
ingresso dos espíritas (menos precavidos), deve ser irrestrito tão somente nas
bibliotecas que se balizem exclusivamente nas obras doutrinariamente
irrefutáveis.
Logicamente, sem obrigação de
pelejar com os desfavoráveis a restrições, podemos aceitar a catalogação dos
atuais “entulhos-literários” e destiná-los a espaços de leitura apenas
frequentados por espíritas conscienciosos e pesquisadores honestos, capazes de
analisar com lucidez os conteúdos das obras. Somos partidários do ideário de
“que as instituições espíritas deveriam ter uma comissão para analisar e
avaliar a qualidade do livro e divulgá-los ou não, porquanto as pessoas incautas
ou desconhecedoras do Espiritismo fascinam-se com ideias verdadeiramente
absurdas.
Destarte, é importantíssimo
“montar a barreira natural do exame [dos livros] consoante recomenda Kardec,
até porque não se trata de reconstrução do arrepiante Índex Librorum
Prohibitorum..”
Se a biblioteca for acessível a
qualquer pessoa, é urgente toda precaução, pois quanto maior nível de
ignorância do ledor, importância máxima dará a “segurança” oferecida pela
instituição ao livro a que ele tem livre acesso para leitura. Infelizmente, para
os calouros e/ou incautos, o que é oferecido pelo centro espírita é
interpretado como válido, fidedigno e doutrinariamente correto. Eis aí o
“deus-nos-acuda” instalado! Cremos que “mesmo sem atracar com ninguém é
imperioso defender o território [instituição espírita], porque quem compra [ou
toma emprestada] uma obra de má qualidade no centro, sai declarando que aquela
obra é espírita, pois foi adquirida no centro. Se um centro espírita
comercializa uma obra de má qualidade é porque esse centro também é de má
qualidade.”
Sobre as bibliotecas espíritas,
concordamos que as mesmas devem ser locais “intocáveis”. Porém, não há como
comparar a liberalidade de uma biblioteca mundana (descompromissada com a
Terceira Revelação) com uma biblioteca espírita. Nada mais desigual! Os
desígnios são completamente diferentes. A primeira prima por arquivar,
conservar e oferecer informações para desenvolvimento da cultura ordinária. A
biblioteca espírita, entretanto, deve ser ambiente intocável, e muito mais do
que isso, deve ser um templo abençoado para abrigar as obras ajuizadas e
consagradas universalmente pelos Benfeitores Espirituais. A primeira propõe
aclarar o intelecto, mas a segunda necessita alumiar a mente e potencializar o
coração do homem.
Não podemos permitir que as
instituições espíritas sejam transformadas em picadeiros, inobstante seja a
“comédia o inverso da tragédia”, porém, na retaguarda do malfeitor campeia o
bufão (protagonista do circo), e “os falsos devotos têm por acólitos seres
ineptos, que só agem por imitação: à maneira dos espelhos, refletem a
fisionomia de seus vizinhos. Tomam-se a sério, enganam-se a si próprios; a
timidez os faz zombar daquilo em que não acreditam, exaltam o que duvidam,
comungam com ostentação e acendem às escondidas pequenas velas, às quais
atribuem muito mais virtude do que a transformação moral.”
Os espíritas desleais são os
verdadeiros descrentes da equidade, da esperança, da Natureza e de Deus;
recusam o bom senso e afiançam o fanatismo. A desencarnação, porém, os arrastará
encharcados de águas de cheiro e cobertos de ouropéis, que hoje os disfarçam
entre os homens. Pelo exposto, é inadmissível ficarmos temerosos de sermos
classificados de anacrônicos, conservadores ou até mesmo clericais. Depende de
todos nós melhorar a qualidade das práticas doutrinárias e cada qual deve fazer
a sua parte. É importante sermos inexoráveis para blindar ininterruptamente a
Doutrina Espírita contra os títeres das trevas (conhecidos como falsos profetas
da atualidade), que tapeiam quais concessionários das Trevas. Contra eles
devemos nos insurgir, a fim de expor o Espiritismo como Doutrina ajuizada,
sublime e incorruptível.
Por Jorge Hessen
FONTE:
http://aluznamente.com.br
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