Ano Novo por Nietzsche

Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844 - 1900)

Para o Ano Novo:

            Eu ainda vivo, eu ainda penso: ainda tenho que viver, pois ainda tenho que pensar.

“Sum ergo cogito: cogito, ergo sum”.
[Eu existo, logo penso: eu penso, logo existo].

Hoje, cada um se permite expressar o seu mais caro desejo e pensamento: também eu, então, quero dizer o que desejo para mim mesmo e que pensamento, este ano, me veio primeiramente ao coração – que pensamento deverá ser para mim razão garantia e doçura de toda a vida que me resta!

Quero cada vez mais aprender a ver como belo aquilo que é necessário nas coisas: assim me tornarei um daqueles que fazem belas as coisas.

‘Amor fati’
[Amor ao destino]

            Seja este, doravante, o meu amor;
            Não quero fazer guerra ao que é feio;
            Não quero acusar;
            Não quere nem mesmo acusar os acusadores;
            Que minha única negação seja ‘desviar o olhar’!
            E, tudo somado e em suma:
            Quero ser, algum dia apenas alguém que diz, Sim!

Friedrich Nietzsche

(Gaia Ciência, São Paulo: Companhia das Letras, 2001).
Supostamente escrito em 1 de janeiro de 1882.

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